ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 10.12.1991.
Aos dez dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e
noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Oitava Sessão Extraordinária da
Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dez horas e
dois minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis
Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João
Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros,
Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Vicente
Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e João Bosco. Constatada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada a apreciação de matéria constante na Ordem do Dia. A
seguir, foram aprovados Requerimentos do Vereador Nelson Castan, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde, no período de dez a treze do corrente; e do
Vereador Artur Zanella, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nesta
data. Após, o Senhor Presidente declarou empossados na Vereança o Suplente
Mário Fraga, no período de dez a treze do corrente, em substituição ao Vereador
Nelson Castan; e o Suplente Martim Aranha Filho, no dia de hoje, em
substituição ao Vereador Artur Zanella, comunicando-lhes que passariam a
integrarem a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação e informando que
Suas Excelências já prestaram compromisso regimental nesta Legislatura, ficando
dispensados de fazê-lo. Na ORDEM DO DIA, em Votação, foi aprovado o Projeto de
Resolução nº 48/91, por dezoito Votos SIM contra nove Votos NÃO, tendo votado
Sim os Vereadores Airto Ferronato, Cyro Martini, Dilamar Machado, Ervino
Besson, Gert Schinke, Issac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz Braz,
Nereu D’Ávila, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo,
Mário Fraga, Martim Aranha, João Bosco e Letícia Arruda, votado Não os
Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani Gregol, João Motta, José
Alvarenga, José Valdir, Adroaldo Correa, Lauro Hagemann e Antonio Hohlfeldt,
após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Vicente Dutra, Wilson
Santos, Clóvis Ilgenfritz e Vieira da Cunha e tendo sido submetido à votação
nominal por solicitação da Mesa. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Lei do Executivo nº 52/01. E, ainda, foram apregoadas as Emendas nºs 4 e 5,
de autoria do Vereador Clóvis Ilgenfritz, apostas os Projeto de Lei do
Legislativo nº 45/91, Projeto este que foi aprovado por dezenove Votos SIM
contra um Voto NÃO e duas ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Gert Schinke, Jaques Machado, José
Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Mário
Fraga, Adroaldo Correa, João Bosco, Ervino Besson, Giovani Gregol, João Motta,
Omar Ferri, Vicente Dutra, Martim Aranha Filho, votado Não o Vereador João Dib
e optado pela Abstenção os Vereadores Elói Guimarães e Nereu D’Ávila, após ter
sido discutido pelos Vereadores Wilton Araújo, João Dib, Adroaldo Correa,
Vieira da Cunha, Airto Ferronato e Elói Guimarães e submetido à votação nominal
por solicitação do Vereador João Dib. Ainda, com relação a este Projeto foram
aprovadas as Emendas nºs 01, do Vereador Wilton Araújo; 02 do Vereador Adroaldo
Correa; 04 e 05 do Vereador Clóvis Ilgenfritz; e rejeitada a Emenda nº 03, do
Vereador Adroaldo Correa. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei
do Legislativo nº 103/91, discutido pelos Vereadores Gert Schinke, João Dib,
Vicente Dutra, Antonio Hohlfeldt e Omar Ferri. Na ocasião, ainda, foram
aprovados os Requerimentos dos Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Wilton Araújo e
Nereu D’Ávila, solicitando sejam dispensados de distribuição em avulso e
interstício para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data, o
Projeto de Lei do Executivo nº 52/91, o Projeto de Lei do Legislativo nº 45/91,
e o Projeto de Resolução nº 48/91, respectivamente. Às doze horas e cinqüenta e
dois minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores parra a
Sessão Ordinária de hoje, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Airto Ferronato e Clóvis Ilgenfritz e
secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros e Clóvis Ilgenfritz. Do que eu,
Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O
SR. PRESIDENTE: Há
“quorum”. Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a apreciar
matéria constante na Ordem do Dia.
Há um
Requerimento, de autoria do Ver. Nelson Castan, solicitando Licença para
Tratamento de Saúde, no período de 10 a 13 de dezembro. Em votação o
Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Declaro
empossado o Suplente, Ver. Mário Fraga, que está presente, ficando dispensado
de prestar o compromisso regimental por já tê-lo feito nesta Legislatura.
Informo que S. Exª fará parte da CUTHAB.
Passamos à
VOTAÇÃO
PROC.
Nº 2680/91 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 048/91, que aprova a conclusão da Comissão de Inquérito constituída
para apurar os fatos divulgados no Jornal do Brasil do dia 29/4/1991 –
(Incineradores do DMLU.)
Observação:
- Independe de Parecer – art. 143, do
Regimento Interno.
O
SR. PRESIDENTE: A
discussão deste Projeto de Resolução nº 048/91 já foi encerrada na Sessão de
ontem.
Em votação o Projeto.
(Pausa.) Para encaminhar, tem a palavra o Ver. Vicente Dutra pelo PDS.
O
SR. VICENTE DUTRA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na discussão que se fez ontem das conclusões
apresentadas pela CPI do chamado caso dos incineradores, da compra pelo DMLU,
foram abordados todos os aspectos que envolvem a discussão do problema, desde a
discussão técnica do equipamento colocada em dúvida pelos Srs. Vereadores,
embora não destacada no nosso relatório. Há aspectos formais no tocante ao
contrato realizado pelo Município, através do DMLU, com a firma SPA.
Na
ocasião, por falta de tempo, não destaquei o pivô, a figura principal de todo
esse processo, que foi o Sr. Luiz Mário Queiroz de Lima. Esse cidadão tem uma
capacidade de venda invejável, diria até que deveria ser melhor aproveitado em
outras atividades nesse afora, porque o Brasil está precisando, mesmo, de
grandes empreendedores. A técnica de venda apresentada pelo Sr. Luiz Mário
Queiroz de Lima tem apresentado resultados muito bons para sua empresa, que
conseguiu envolver o PT em nível nacional, conseguiu encantar o PT de que seu equipamento
é realmente revolucionário, que não era um incinerador, mas um reator
pirolítico. Inventou um nome qualquer e com isso encantou. Fazia-se passar como
grande defensor das teses e do programa do PT. Claro que o PT entrou nesta de
ingênuo, mas o fato é que teve acolhida, em várias Prefeituras deste País, a
presença do Sr. Luiz Mário de Queiroz.
Apresentavam um grupo
precursor e denunciavam que aquela cidade tinha o pior lixo do mundo, mas que
tinha um professor na Unicamp que era o maior entendido do País. Aí, depois de
muita dificuldade para marcar na agenda do Sr. Luiz Mário Queiroz, ele se
dignava a descer a planície e vir fazer a sua brilhante palestra. Aliás,
diga-se de passagem, muito pouca coisa falava sobre lixo. Assisti neste
Plenário. Pouca coisa falava sobre lixo, ou o que falava é lugar comum: lixões,
crianças comendo lixo, urubus, e que todos os departamentos de limpeza do mundo
têm através de “slides”. Apresentava aquilo e depois, nas perguntas, dava a
solução: a solução estava no equipamento revolucionário, equipamento muito bom,
moderno, que estava sendo feita, se não falhava a memória dele, na Cidade de
Rio Claro. Parece até que tinha um cartão daquela empresa. E dali até a
conclusão do contrato com a empresa era um passo, tal o encantamento exercido
por esse cidadão ao setor. Só que ele esquecia de dizer que ele tinha
participação. E, quando ele esteve aqui depondo, no dia 21 de agosto, neste
ano, eu fiz uma pergunta só a este cidadão: qual a participação real dele com a
empresa SPA, se ele era funcionário, se ele era um simples admirador da
empresa, como se fazia passar nas palestras, ou se tinha uma participação
acionária? Depois de dez minutos consultando o seu advogado, que estava ao
lado, respondeu: “não, realmente eu tenho 25% na empresa”. E eu, naquele
momento, disse ao Presidente que para mim estava encerrada a CPI. Não precisava
ter mais continuidade porque eu já estava em condições de dar o meu parecer a
partir daquele momento. Então, ele encantou a nossa Prefeitura e encantou outras
Prefeituras, porque realmente o processo dele de venda é estupendo. Agora, nós
temos que ter a grandeza, e é esse o apelo que faço à Administração, para ver
que caímos num engodo, que fomos envolvidos, que fomos equivocados. Eu disse e
repito: eu não identifico má-fé nessa transação, porque, se tivesse
identificado, teria apontado, não teria receio de apontar. Senti, sim, que
houve, por tudo aquilo que envolveu essa negociação, uma pressão de
encantamento de um processo de marketing muito
bem feito, muito bem elaborado dessa empresa comandada por esse cidadão Luiz
Mário Queiroz de Lima e que, lamentavelmente, a Prefeitura caiu, como outras
caíram. Só nos resta, neste momento, sugerir, então, Sr. Presidente que seja
anulado esse documento. Eu seria o primeiro a vir à tribuna elogiar a atitude
do Departamento de reconhecer, tal o número de indícios, de que houve realmente
um mau negócio para a Prefeitura e fazer, então, a anulação desse contrato
Assim tudo estará encerrado e eu serei o primeiro a depor, em qualquer
instância, a favor da Prefeitura, se isso for anulado, com a devolução das
importâncias pagas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com
a palavra o Ver. Wilson Santos para encaminhar pelo PL.
O
SR. WILSON SANTOS: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a Casa deverá tomar uma atitude séria, importante.
É um assunto de relevância para a cidade de Porto Alegre, e o que se pretende é
que o resultado da CPI, que é um trabalho da mesma sorte de um trabalho sério,
responsável, seja encaminhado ao Ministério Público. Evidentemente que ninguém
aqui, nesta Casa, é dono da verdade, e evidentemente que o Ministério Público
haverá de analisar, num trabalho judicioso, o que foi feito pela CPI. Agora, o
que me chama a atenção, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que a própria Agapan
– Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – não está satisfeita com a
Administração, não está satisfeita com o PT e não está satisfeita, inclusive,
com a CPI, pois gostaria de uma CPI mais rígida e mais profunda. Então, vejam
que recebi um documento com o seguinte teor, e os Vereadores já também,
receberam, mas faço questão de lê-lo. (Lê documento da Agapan.)
Porto
Alegre, 04 de dezembro de 1991.
Ilustres Senhores
Vereadores;
Dirigimo-nos
novamente a essa Casa, no dia do desfecho do processo de discussão sobre ato
(ao nosso ver errado) assumido pela Administração Popular no que tange à
questão do lixo, para protestarmos (esperamos que pela última vez) acerca de
encaminhamentos totalmente incompatíveis com a seriedade do assunto, ocorridos
recentemente no âmbito da “CPI dos incineradores”. Observamos que tanto a
bancada do PT quanto o DMLU adotaram a rota de “relativizar” a questão técnica,
negligenciando-a, e ardilosamente, separando-a das demais questões.
Surpreende-nos que os signatários do Relatório de Conclusão da CPI tenham
enveredado também por linha de raciocínio semelhante, fugindo à discussão
técnica por, alegadamente, tratarem-se de “questiúnculas”, etc...
Tristes
exemplos de falta de espírito público! A questão ambiental é, em seu efeito
perverso sobre a qualidade de vida, também uma “questão técnica”. Precisamos da
ciência para medir poluentes, investigar doenças degenerativas e suas causas,
flagrar erros de projeto em elefantes brancos imprestáveis adquiridos por
órgãos públicos como se fossem high-tech. Onde estão as assessorias da
Câmara? Ou as verbas para a contratação de consultores quando necessário? É
assim que nossos representantes comportam-se sempre que defrontados com
polêmicas “técnicas” – isto é, fugindo à discussão profunda do assunto, fazendo
de certa forma o jogo dos picaretas?
A Agapan
lamenta e protesta: não aceitamos a fuga e essa faceta do affair, nem
pela Administração Popular, nem pela CPI. Produzimos um profundo estudo
técnico. Provamos a existência de erros de cálculo na esdrúxula máquina
experimental comprada às cegas; apontamos falhas e riscos existentes em
pouquíssimos equipamentos similares; comprovamos o potencial poluidor do
incinerador. Em Limeira, a Prefeitura já admitiu seu erro e exige o
ressarcimento completo do prejuízo que teve com sua desastrada compra. Trata-se
do mesmo fabricante, do mesmo projetista, do mesmo vendedor. Aqui, porém, o
DMLU prossegue com sua paquidérmica teimosia.
Não há
como separar as questões técnicas, administrativas e políticas. Por meios
técnicos, mostramos que o incinerador da SPA não atende ao próprio Edital do
DMLU. Também ficou evidente que o contrato era inexeqüível ao prever,
irresponsavelmente, eficiências de 100% na remoção de certos poluentes, o que
foi desmentido pela própria fornecedora do equipamento. Colocamos a nu o
despreparo e a superficialidade de Darci Campani e Luiz Mário Queiroz Lima, que
não resistem a um mínimo de cobrança por aprofundamentos das questões cruciais
da tecnologia que tão entusiasticamente defendiam (principalmente seu impacto
ambiental.) Uma má compra, do ponto de vista técnico, pode ser irregular
administrativamente, o que terá seu ônus político. Como “não confundir” as
coisas?
Argumentou-se
que a Agapan em certo momento apoiou a incineração de resíduos hospitalares. É
verdade: em nível teórico, antes de conhecermos evidências científicas
irrefutáveis, que hoje nos ensinam: a incineração é danosa à saúde pública e,
no caso do lixo hospitalar, inútil. É este papel da ciência: derrubar
barreiras, vencer preconceitos. Mudamos de idéia. Pena que o DMLU, apesar de
nossa veemência, não tenha feito o mesmo.
Para
aqueles que mantêm sua visão baixo-astral, persecutória e doentia da realidade,
que já esqueceram de que também foram idealistas em passado não muito recente,
e que não aceitam outra forma de idealismo que não coincida com seus próprios
dogmas políticos partidários, esclarecemos pela última vez: NÃO HÁ NADA “POR
TRÁS” DA AGAPAN. Ao contrário, temos coisas somente pela frente, ou gravadas em
nosso peito aberto. Nossa história de vinte anos, para quem não se furta a
conhecê-la, reconhecida e elogiada há poucos meses por essa Casa, mostra
transparentemente que coisas são essas. Por que mudaríamos agora? Não temos
nenhum tipo de compromisso com o PT ou qualquer outro partido político. Aliás,
somos mais antigos do que todos eles, à exceção dos comunistas. Tradição e
independência não se compram em brique. E também não se vendem. Nunca tivemos
vocação nem cara de inocentes úteis.
Com
relação à questão da corrupção propriamente dita, louvamos a recomendação,
aprovada em votação anterior, de oferecer os autos da CPI ao Ministério
Público. Ali está um foro que se consolida, e que para legitimar-se precisa ser
prestigiado, demandado, cobrado. Lembramos aqui que o próprio DMLU valeu-se
dele para pressionar os hospitais a saírem de sua crônica inércia com respeito
aos resíduos; a Agapan recentemente também mobilizou-o para investir contra a
incineração fora de Porto Alegre. Quem poderia votar contra sua participação em
mais esse aspecto da mesma problemática?
(a)
Guilherme
Dornelles, Secretário-Geral.”
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz
para encaminhar.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, achamos
que a grande polêmica que se criou neste Plenário, em todas as ocasiões em que
foi discutida a questão do incinerador, a questão relativa a essa CPI, queria
que os Srs. Vereadores a acompanhassem, até porque é uma questão muito séria
que está sendo colocada, e acompanhassem o nosso raciocínio, e pediria ao Ver.
Gregol, como membro da Bancada, que desse um apoio. Estamos discutindo o
relatório de uma CPI que, felizmente para nós, da Administração, felizmente
para a direção do DMLU, e está presente seu Diretor Darci Campani, que nunca se
ausentou, sempre esteve presente em todas as oportunidades, fazendo seus
depoimentos, prestando esclarecimentos, e felizmente, ontem, vimos que a
polêmica sempre passava a ser sobre a questão técnica, uma questão indefinida
em nível mundial, que está ou não está certa, é ou não é a melhor tecnologia
usada, mas nunca, em hipótese alguma, conseguiram provar que havia alguma
malversação de verbas, algum desvio, alguma coisa que pudesse ser imputada
contra a honra, a moral e a atitude da Administração.
Nós
tivemos realmente, ontem, vários momentos em que os Vereadores que assumiram
esta tribuna, no caso do Ver. Omar Ferri, por exemplo, numa atitude que é do
seu direito, de querer mostrar que existiam erros e que isso estava lesando os
cofres públicos e, em simples apartes do Ver. Décio Schauren e de outros, ficou
claro que ele estava examinando sobre um enfoque equivocado, parcial e sem
provas contundentes. Tanto que o Relator-Geral, ilustre Ver. Vicente Dutra,
chegou à conclusão de que era melhor rescindir o contrato, mas não diz por que
rescindir. Por que há hipótese de a Prefeitura estar fazendo mau negócio,
enquanto nós tentamos, sob todas as formas, o DMLU, os membros da Administração
e Vereadores que estiveram na CPI, sempre tentando ver onde é que está o furo,
onde é que está o quadro lesivo, quais são as provas contundentes? E aí a
discussão vai para o lado do Sr. Mário Queiroz Lima, que encantou o PT, e as
irregularidades ficam para o lado de lá, ou se vai para a questão tecnológica e
as irregularidades ficam para o lado de lá porque não têm provas. Então, nós, da
Bancada do Governo e do PT, queremos apelar aos Srs. Vereadores, de todos os
partidos, para que façam um exame claro sobre o que vão votar. Se nós
aprovarmos esse relatório, ele não tem conseqüência porque o Prefeito não pode
rescindir um contrato sem existir uma prova contundente para tal, a não ser uma
vontade política: a Câmara pediu e eu vou rescindir. Mas por que, se já existem
obras feitas, se já existe um caminho andado, se a Prefeitura tem uma lei que
exige que tenha incinerador? A lei proposta pelo Vereador-Presidente da
Comissão, e que escreveu um artigo no “Correio do Povo”, até muito pouco tempo
atrás defendia ardorosamente esse tipo de incinerador. Está escrito na “Zero
Hora”, aliás. E por quê? Porque agora é um voto político para querer criar
celeuma municipal, enquanto nós temos muitos assuntos tão importantes. Vamos
achar as provas. Vamos fazer com que as coisas sejam realmente contundentes, e
aí não há por quê: a Prefeitura vai agradecer. O Prefeito vai dizer “puxa,
acharam um furo; eu vou ter que mudar isso aí o quanto antes, em nome da nossa
lisura”. Eu, se fosse o Prefeito, ia agradecer. “Achem as provas, me ajudem.”
Não achamos nós aqui da Câmara, a CPI, em que nós também estivemos incluídos;
não achamos provas e, num relatório inteligente feito pelo Ver. Vicente Dutra,
não incriminou a Prefeitura. Apenas disse: “é melhor que vocês rescindam o
contrato.” Porque existem tantas dúvidas, que ninguém conseguiu dizer quais são
para que nós precisemos rescindir para começar tudo de novo. Com que recursos,
com que tecnologia, de que forma nós vamos vencer esse problema? Ou vamos
continuar como até agora, lançando lixo no lixão a céu aberto, contaminando as
águas subterrâneas, contaminando todo o meio ambiente?
Então,
essas questões continuam em aberto, Infelizmente, a Comissão, ou até poderia
dizer, felizmente a Comissão chegou a uma definição que é inócua. E nós
precisamos votar contra para depois, então, ver se há outras formas para
resolver esse problema, mas não pelo que foi dito no relatório. Infelizmente,
não é aquilo que diziam, porque deixou, a rigor, a descoberto a situação que
estava sendo alegada. Não existem provas contundentes. Então, não dá para a
gente anular uma concorrência em que não existe prova nenhuma contra ela.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PDT o Ver. Vieira da
Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou
começar pelo final do pronunciamento do Ver. Clovis Ilgenfritz, que me
antecedeu na tribuna.
Disse
ele que não existem provas contundentes. Então, não há por que anular a
concorrência. Mas não houve concorrência, Vereador. Esse é o primeiro problema,
V. Exª informe-se melhor com o Ver. Décio Schauren, com o Ver. João Motta, que
participaram da CPI, que eles vão informar a V. Exª de que não houve
concorrência. Aliás, isso é admitido pelo próprio Diretor do DMLU - ele
justifica o fato de não ter feito a concorrência pública, ou a licitação, como
quer o Ver. Giovani Gregol, com o famoso decreto de calamidade pública do Prefeito.
Inclusive, este Vereador é citado freqüentemente na defesa do PT, dizendo que
eu, na época, me posicionei favorável ao decreto. E é verdade. Não só me
posicionei, como escrevi um artigo num jornal dizendo que os hospitais não
podiam continuar fugindo à responsabilidade que têm em dar um destino adequado
ao lixo hospitalar. Ocorre, Ver. Vicente Dutra, que jamais este Vereador
poderia imaginar que o decreto de calamidade pública fosse utilizado mais
tarde, Ver. Ilgenfritz, como justificativa para não se realizar a licitação
pública, como este Vereador entende que deveria ter sido feito. A licitação
deveria ter sido realizada. Como eu iria adivinhar que aquele decreto seria a
justificativa, da direção do DMLU, para adquirir o equipamento de uma compra direta
dessa empresa paulista, sem licitação, sem concorrência pública? Outra questão
para a qual gostaria de chamar a atenção é para o valor do equipamento. Tem-se
falado em 30 milhões, mas há um ano e meio, se nós atualizarmos, é uma compra
na ordem de 350 milhões de cruzeiros, o que não é pouco, tendo em vista a vida
útil do equipamento, que é de apenas dez anos. Está escrito na proposta e no
contrato, Significa que, só de custo de aquisição, fora conservação e
manutenção, são quase três milhões de cruzeiros por mês que a municipalidade
pretende gastar com esse equipamento. A questão da forma de pagamento, Ver.
Ilgenfritz, é uma confusão. A proposta dizia uma coisa, o contrato dizia outra,
o aditivo uma terceira coisa, e o que acabou ocorrendo foi uma quarta forma de
pagar, Assim não é possível; não é propriedade privada aquilo, Gregol. Não se
podem mudar as coisas assim, tentar vir com o argumento de que é melhor, de que
o DMLU teve melhores condições com a quarta forma. Não. Na coisa pública não é
assim, O que está na proposta, o que está no contrato tem que ser realizado,
Vereador. É o que mandam as normas que tratam da licitação pública. Quanto ao
Código de Limpeza, este Vereador tem sido muito citado: “não, porque nós
estamos cumprindo o Código de Limpeza Urbana, aliás, cujo autor é o Ver. Vieira
da Cunha, Presidente da CPI”. Muito bem, realmente o Código diz, no art. 20:
“Incinerar os resíduos contaminados, de acordo com as normas sanitárias e
ambientais existentes”. Na época em que eu redigi o Código, realmente eu estava
convencido de que essa era a melhor forma de tratamento. Mas, depois das
exposições que foram feitas no âmbito da CPI, do farto material que a comissão
técnica e científica da Agapan juntou ao processo, eu particularmente me
convenci que a incineração é uma tecnologia superada, mais do que superada. A
incineração está condenada mundialmente. Por que é que nós vamos optar por uma
tecnologia, Ver. Martim Aranha, que está sendo abandonada por todo o mundo? Na
Europa e Estados Unidos já a estão abandonando. E, aqui no Brasil, a mesma
tecnologia o DMLU adquiriu. Não sei se o Diretor-Geral do DMLU, Darci Campani,
sabe, mas lá em Limeira, e nos chegaram informações seguras, essa tecnologia,
Ver. Giovani Gregol, foi também abandonada, e o Prefeito está entrando em
juízo, pedindo indenização à empresa SPA, pedindo ressarcimento à empresa SPA,
porque o equipamento, a mesma tecnologia que o DMLU adquiriu, lá em Limeira não
está funcionando de acordo com o que foi prometido pela empresa. Por que, eu pergunto,
vamos “embarcar nessa canoa furada?” Não há condições de continuar, a não ser
que seja em nome do que o Ver. Gert Schinke chamou ontem, de “cabeçadurismo”. É
isso? Quer dizer: só em nome disso, porque os elementos estão aí, Ver. Clovis
Ilgenfritz, as provas são mais do que convincentes. A polêmica existe sobre a
melhor forma de tratar o lixo hospitalar. É verdade. Agora, que a incineração
não é solução isso já é quase um consenso. Só não é consenso por causa da
posição que o DMLU e o Ver. Giovani Gregol assumem com tanta ênfase para o caso
de Porto Alegre.
Finalizo
fazendo um apelo ao Engenheiro Darci Campani, à Prefeitura Municipal, ao
Governo como um todo: anulem esse contrato, recuperem os recursos que o
Município gastou com esses equipamentos, antes, repito, que a Justiça o faça.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos, passamos à
votação.
Antes,
colocamos em votação Requerimento de autoria do Ver. Artur Zanella, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, conforme atestado em anexo,
firmado pelo Dr. Jair Almeida, Diretor do Ambulatório Médico da Casa.
Em
votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
decorrência, convocamos, para assumir, o Suplente, Ver. Martim Aranha Filho,
que se encontra no Plenário, e, como já prestou compromisso nesta Legislatura,
fica dispensado de fazê-lo novamente.
O Ver.
Martim Aranha Filho integrará a CUTHAB no dia de hoje.
O Sr. 1º
Secretário procederá à chamada nominal dos Srs. Vereadores para votação do
Proc. nº 2680/91.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos
Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 18 Srs. Vereadores votaram SIM e 09 Srs. Vereadores votaram NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto de Resolução nº 048/91.
(Votaram SIM os
Vereadores: Airto Ferronato, Cyro Martini, Dilamar Machado, Ervino Besson, Gert
Schinke, Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Nereu D’Ávila,
Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Mario Fraga,
Martim Aranha Filho, João Bosco e Letícia Arruda. Votaram NÃO os Vereadores:
Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani Gregol, João Motta, José Alvarenga,
José Valdir, Adroaldo Corrêa, Lauro Hagemann e Antonio Hohlfeldt.)
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do
Ver. Nereu D’Ávila, solicitando que o Projeto de Resolução nº 048/91 seja
dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. Nº 2621/91 – PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO Nº 052/91,
que declara de utilidade pública o Clube de Mães Vila Nova.
Parecer:
- da CJR. Relator Ver. Vicente Dutra: pela aprovação;
- da CEC. Relator Ver. João Dib: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 052/91. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Sobre a
mesa, Requerimento de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, solicitando que o PLE
nº 052/91 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua
Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. Nº 0763/91 – PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 045/91, de autoria do
Ver. Wilton Araújo, que estende os benefícios do instituto da passagem escolar
nos serviços de transporte coletivo explorados, concedidos ou permitidos no
Município de Porto Alegre (Lei nº 5548/84, alterada pela Lei nº 6431/89),
acrescenta novas disposições ao referido instituto e dá outras providências. Com
Emendas nºs 01, 02 e 03.
Parecer:
- da CJR. Relator Ver. Clóvis Brum: pela aprovação;
- da CUTHAB. Relator Ver. Adroaldo Corrêa: pela
aprovação, com as Emendas nºs 01, 02 e 03.
Observação:
- Incluído na Ordem do Dia, por força do art. nº 81 da Lei
Orgânica Municipal.
O SR. PRESIDENTE: Projeto de Lei do Legislativo nº 045/91,
Proc. nº 763/91, do Ver. Wilton Araújo. Em discussão. (Pausa.) O Ver. Wilton
Araújo se inscreve para discussão inicial. Com a palavra o Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto
que passamos a discutir e vamos votar nesta manhã estende benefícios da
passagem escolar. A consolidação das leis procedida por esta Casa no ano de
1984, também de minha autoria, sentiu que no movimento estudantil deveria haver
uma revisão de certos conceitos dessa consolidação, e, mais ainda, que devido
ao que se discutiu durante todo esse tempo, de 1984 até agora, nós poderíamos
avançar mais, ter maior clareza do texto legal. Este Projeto tem pontos
fundamentais, e eu distinguiria entre eles os seguintes: este Projeto de Lei
democratiza, por assim dizer, a confecção da caderneta escolar que serve para a
aquisição da passagem escolar. Em 1984, nós colocamos no texto legal que as
entidades representativas do movimento estudantil passariam, a partir daquele
momento, porque até ali era feita pela Associação dos Transportadores, dos
empresários dos transportes coletivos... A passagem escolar, em 1984, nós
passamos para os representantes do movimento estudantil, naquela oportunidade
ainda incipiente e pouco organizado para as questões administrativas, e acabou,
via decreto, sendo estabelecido quem faria e faz, até hoje, com quase
exclusividade, que é a UMESPA, que desenvolveu bons projetos, que trouxe um
avanço muito grande nessa questão. Há que se reconhecer o trabalho sério,
dedicado, honesto, eficiente para o movimento estudantil pela UMESPA, mas é
chegado também o momento de darmos mais um passo. Hoje, nós temos muitos
grêmios estudantis que estão na hora, no momento administrativo e organizados o
suficiente para assumirem parcelas dessa responsabilidade. É por isso que o
Projeto de Lei traz em um dos seus artigos - não retira a possibilidade da
UMESPA fazer, mas dá também a possibilidade e a preferência para que os grêmios
estudantis façam. Também o Projeto acrescenta benefícios para estudantes de
fora do Município de Porto Alegre. Exemplo: aqueles que estudam na Unisinos, na
Ritter dos Reis, em outras faculdades e escolas da Grande Porto Alegre, que
hoje não têm o direito da passagem escolar dentro do Município de Porto Alegre,
passariam a ter aprovado este Projeto de Lei. Mais ainda: estende àqueles que
pegam duas linhas, dois ônibus comprovadamente, se utilizam de dois ônibus para
chegar até o estabelecimento de ensino. Estende de cem para 150, porque cem
obviamente - é só fazer a conta - não chega para as duas linhas se deslocando o
mês inteiro. Cento e cinqüenta é o número adequado. Além disso, há uma outra
questão, que foi bastante discutida e bastante polêmica: estabelece o preço da
caderneta escolar. Veio sendo sempre praticado o preço da caderneta escolar,
desde 1984, como sendo de doze passagens escolares, o que hoje daria mais de
três mil cruzeiros. Nós achamos um valor demasiado e achamos também que
deveríamos ter um parâmetro em passagens escolares ou meias passagens. Por isso
fixamos em 12,5 passagens o preço para a caderneta, o que hoje significaria em
torno de 1500 cruzeiros, um preço razoável, e cada vez que é reajustada a
passagem, reajustada será a caderneta, portanto, não perdendo o poder
aquisitivo do dinheiro para os grêmios estudantis. Nós achamos importante que o
grêmio estudantil, que a UMESPA tenha os recursos para se organizar e para ter
a participação necessária que o movimento estudantil exige hoje e há bastante
tempo. Podemos ver que o dinheiro, que os recursos que os grêmios arrecadarão
através dessa passagem escolar, dessa caderneta escolar, vai servir para que o
movimento se fortaleça e, unificado, possa ter e dar melhores proveitos aos
nossos estudantes. O Projeto também previa, mas no período da discussão foi
amadurecido diversas vezes, tanto que com o movimento estudantil nós tivemos
diversas reuniões, tivemos em assembléias setorizadas e conjuntas da própria
UMESPA e de outras escolas. Nós fomos melhorando o Projeto, e no art. 1º, item
I, nós incluíamos também os auxiliares de administração escolar, ou seja,
aqueles que trabalham nas escolas além dos professores, no benefício da
passagem escolar. Acabamos concordando com a emenda supressiva do Ver. Adroaldo
Corrêa, que elimina os auxiliares de administração escolar, emenda, também
minha, supressiva ao item III, também do art. 1º, e esse item estendia a
passagem escolar aos acompanhantes e alunos menores de dez anos, sendo que,
durante a discussão, também nos convencemos de que esses acompanhantes não
deveriam ter o benefício da passagem escolar, mesmo sendo para alunos menores
de dez anos. Existe emenda supressiva, de nº 01, de minha autoria, sobre este
item. Além do mais, o Projeto de Lei estabelece e tenta evitar uma dificuldade
quase histórica dos estudantes, que é da compra da passagem escolar. Já em
1984, quando nós passávamos para os estudantes a venda da caderneta e da
passagem escolar, a grande dificuldade era a compra da passagem porque as
empresas colocavam normalmente no fim da linha, na garagem dos ônibus. Isso
dificulta o deslocamento, porque nem todo o mundo, ou seja, a maioria das
pessoas, não mora no fim da linha do ônibus ou perto da garagem do ônibus. Mora
entre o centro e o fim da linha - 80, 90% -, e isso traz um transtorno pela
localização e, às vezes, até, pelo horário estabelecido pelas empresas.
O
Projeto estabelece que nós vamos ter um ponto no Centro da Cidade para venda da
passagem escolar de todas as empresas, beneficiando a todos os estudantes de
Porto Alegre, evitando esse deslocamento desnecessário, muitas vezes a perda de
tempo do estudante indo e vindo, trocando horário, se deslocando
desnecessariamente.
Em
linhas gerais, Srs. Vereadores, esse é o Projeto. Nós concordamos, e já
dissemos isso, com a Emenda nº 02, do Ver. Adroaldo Corrêa, e discordamos da
Emenda nº 03, do Ver. Adroaldo Corrêa, porque achamos que as doze e meia
passagens devem ser mantidas e atualizadas conforme o preço das passagens.
Pedimos e iniciamos agora a discussão. Se for o caso, vamos voltar se dúvidas
surgirem nesta tribuna para dirimi-las.
Mas, no
início da discussão, era o que tínhamos para dizer aos nossos pares, pedindo
aprovação do presente Projeto com as emendas.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia
1º de setembro de 1956 comecei a me interessar pelo tema transporte coletivo
urbano porque fui levado à Secretaria Municipal dos Transportes para ser seu
assistente técnico. E deveria, então, na Secretaria, que estava em formação,
fazer coleta de dados, estudos para que um dia eu pudesse falar sobre
transporte coletivo. Uma das primeiras coisas que aprendi é que transporte
coletivo se assenta num tripé: planejamento, fiscalização e tarifa justa. E essa
coisa que aprendi continua valendo até hoje; não achei nada que me fizesse
mudar.
Estou
quase fazendo a apresentação de um substitutivo porque aí chegaria ao tripé
outra vez: todas as passagens do Município serão consideradas escolares, todo o
mundo ganha 50% e todo o mundo paga igual. Aí fica bom. Porque parece que
raciocinamos aqui que os empresários é o senhor poderoso, cheio de muito
dinheiro que pode perder e tirar. Ninguém tira de ninguém. O empresário,
através dos cálculos que a SMT faz, vai ter uma tarifa diferente se todos
pagassem a mesma coisa. Quem paga a tarifa do estudante é o pai do estudante.
Ele tira 50% e paga mais 50%.
Transporte
não é aquele bicho que assusta todo o mundo. Precisamos é de transporte seguro,
eficiente, capaz de nos transportar no momento desejado, sem nenhum problema.
Estamos estendendo para auxiliares de administração escolar, para acompanhantes
de alunos menores de dez anos. Estamos estendendo para todo o mundo. Por que
não fazer de uma vez só, num processo sucinto? Porque temos leis em excesso
neste País: todos pagam tarifa escolar. Pronto. Fica tudo muito bom. Todos
ficam satisfeitos, alegres. Fazemos algumas coisas aqui. Por exemplo: a
Secretaria Municipal dos Transportes implantará um posto central.
Isso é
contra a Lei Orgânica. A Secretaria, através do Prefeito, é que vai dispor de
como deva fazer os seus serviços, e não a Câmara Municipal.
Dessa
forma, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me manifesto contrário a todo
Projeto de Lei. O que eu gostaria, então, é que se fizesse tarifa escolar para
todos, pois que assim todo o mundo ficaria contente, pensando que estava
pagando menos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver.
João Dib, o que eu gostaria de fato é que a passagem fosse gratuita para todos
e principalmente para os trabalhadores, e nós perdemos a oportunidade de fazer
a tarifa justa com a taxa de transporte que esta Câmara rejeitou.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Não existe, nobre Ver. Adroaldo Corrêa, tarifa gratuita. Alguém
sempre acaba pagando, seja através de imposto, por taxa... O serviço não pode
ser gratuito, e, se for através de imposto, taxa, termina sendo muito mais
caro.
O SR. ADROALDO CORRÊA: V. Exª tem a experiência da tarifa que é
cobrada aos trabalhadores. Nós temos a possibilidade de experimentar. Esta
Câmara de Vereadores avaliou a taxa que retiraria de um dos beneficiários que
hoje não paga transporte das suas necessidades, que é ter o empregado no
serviço. E nós não sabemos qual seria a repercussão e não vamos saber por um
período, espero pequeno, porque talvez esta Câmara, colocada diante da
necessidade de se relacionar com a taxa de transporte, venha a aprová-la numa
próxima legislatura, ou talvez na próxima Sessão Legislativa ou no próximo ano.
No Projeto do Ver. Wilton Araújo encontramos o mérito de regular o preço de
confecção da carteira cobrada ao estudante e encontramos o mérito, não apenas
matemático, de fazer com que o estudante que utiliza duplamente, ou seja, duas
conduções, tenha direito a duas passagens, tenha direito a 150 passagens. E é
uma posição pessoal nossa que não é apenas matemático, porque me recordo que a
educação física, a pesquisa em biblioteca, a ida ao próprio laboratório da
escola podem ser cobradas do aluno em horário diverso do seu horário de estudo
e, se ele usa duas conduções, ele precisa do dobro de passagens, porque, se
alguém que usa uma, tem 75, não há qualquer razão que impeça que ele tenha o
dobro, a não ser uma razão que não inclua a necessidade do estudante. E essa
nós não concordamos.
O
Projeto também resgata - e nós anunciamos isso no relatório, no parecer que
fizemos - a necessidade de que o aluno que freqüente escola na Grande Porto
Alegre tenha o direito de acesso à passagem escolar. Ele se desloca em Porto
Alegre parte do percurso, é estudante e morador de Porto Alegre e é cidadão
igual aos demais cidadãos de Porto Alegre que têm este benefício assegurado por
lei, e não apenas de hoje.
Nós
tínhamos uma restrição quanto ao custo da carteira e fixávamos esse custo no
valor da tarifa de fevereiro porque achávamos que a estrutura que foi montada
para confeccionar a carteira, ao início do ano, permanecia a mesma; os espelhos
estavam prontos e, em definitivo, ela custava a mesma coisa durante o ano
inteiro, independente da época em que o estudante fosse adquiri-la. Ocorre que,
com a iniciativa de que os grêmios estudantis, sem a estrutura da UMESPA,
também façam a carteira, uma estrutura menor, com o trabalho muitas vezes
espontâneo, com um custo maior, portanto, leva à ponderação, que acolho, do
Ver. Wilton Araújo, dos grêmios estudantis, de que se mantenha o preço de doze
e meia passagens, seis passagens inteiras para o valor da carteira cobrada ao
estudante.
Nas
ponderações do debate que fizemos deste Projeto e que está nesta Câmara de
Vereadores há bem mais de quatro meses, nós concordamos com o autor de que
algumas coisas não estão no mérito do Projeto que visa a regular a extensão do
número de passagens, a extensão aos estudantes da Grande Porto Alegre, o valor
da carteira, que é a extensão do benefício a setor profissional ainda não
incluído na legislação, os funcionários da legislação escolar e os
acompanhantes de menor de doze anos, notadamente porque os acompanhantes de
menor de doze anos estariam se beneficiando de uma perspectiva que talvez não
viesse o estudante a necessitar. A maioria dos estudantes de doze anos é de 1º
Grau, e as escolas de 1º Grau são, na maioria, mais de 90% próximas à escola do
aluno e esse vai a pé para a escola.
O
acompanhante não toma ônibus junto com o aluno quando o acompanha para essa
escola a um quilômetro, no máximo, da sua residência. E, numa época de discussão
e polêmica sobre a tarifa do transporte coletivo, como costuma ser a planilha
de cálculo, incorporar um outro setor a uma série de outros benefícios que já
estendem a 25% em isenção, conforme cálculo da SMT, no sistema, nós achamos
temerário e somos contrários, portanto, à inclusão dos auxiliares de
administração escolar. No restante, a concordância de nossa parte em votar
contra, na medida em que ela será destacada, à emenda que estenderia para seis
passagens escolares o custo da cobrança aos estudantes e a concordância do
autor em retirar a extensão aos acompanhantes e aos funcionários de
administração escolar nos colocam no original de uma modificação que também
apoiamos, que é tratar do valor da carteira escolar em relação ao estudante, do
valor em que principalmente os grêmios estudantis poderão se beneficiar na
confecção de algum rendimento para o seu funcionamento e atender diretamente os
estudantes em cada escola. Todos nós sabemos que é problemática a situação da
União Municipal de Estudantes Secundaristas de Porto Alegre. Os estudantes têm
seus grêmios, que têm formas de fortalecer a sua atividade política, e têm
divergências, eventualmente, da UMESPA, mas é a UMESPA que está credenciada e
os grêmios estudantis; cabe ao estudante, ao aluno de cada escola, procurar
aquilo que mais lhe convém, e isso está na lei proposta pelo Ver. Wilton
Araújo. Nós achávamos que o custo fixo em seis passagens escolares era razoável
também à luz de uma conjuntura, não porque nos iludíamos, mas porque era
afirmado, diariamente, que essa inflação, neste País, seria controlada. A
inflação já está a 25%, os salários estão congelados, os custos dos materiais
sobem mais por setor do que a própria inflação geral, que é a média da inflação
verificada, e não há como segurar, em um mês, um custo fixo de produção,
enquanto todos os demais custos sobem a vertiginosa escala de 20 a 25% proposta
por esse Governo que veio para salvar o País e o joga na profundidade da
miséria que o País está vivendo e que nós vemos, dia a dia, nas ruas dessa
Cidade. Apoiamos o Projeto com as restrições apresentadas que têm acordo com o
autor, e na emenda proposta em relação à carteira, do custo, nós aceitamos as
ponderações do estudante e do autor do Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem de inscrições, com a palavra o
Ver. Vieira da Cunha.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de manifestar a solidariedade, o apoio
à iniciativa do Ver. Wilton Araújo ao propor a extensão de benefícios da
passagem escolar e dizer ao Ver. Dib, inicialmente, que o seu raciocínio fica
equivocado na medida em que ele não contemplou, na sua argumentação, as emendas
que foram apostas ao Projeto de Lei. A sua crítica foi à extensão do benefício
aos auxiliares da administração escolar e aos acompanhantes de alunos menores
de dez anos. Ocorre que uma emenda do próprio autor retira o item III do art.
1º. Retira, portanto, o benefício aos acompanhantes de alunos menores de dez
anos, e uma emenda do Ver. Adroaldo suprime o benefício aos auxiliares da
administração escolar. Ficou, portanto, sem consistência alguma a argumentação
do Ver. João Dib com as emendas apresentadas. Por outro lado, eu não poderia
deixar aqui de manifestar a minha estranheza, pelo menos, com a introdução do
discurso do Ver. Adroaldo Corrêa, o Vereador do Partido dos Trabalhadores que
vem se notabilizando, se destacando nacionalmente, assim como a administração
defendida por V. Exª, por generosos aumentos na tarifa do transporte coletivo, e
sobe a esta tribuna para dizer que é favorável à tarifa gratuita. Mas é muita
contradição do Ver. Adroaldo CorrÊa, porque eu nunca vi o Vereador subir nesta
tribuna para contestar os aumentos abusivos da tarifa da atual Administração.
Nós
estamos aí com uma tarifa de 260 cruzeiros em Porto Alegre. Estive, no último
fim-de-semana, no Congresso Nacional do PDT, no Rio de Janeiro, e eu pagava 140
cruzeiros para andar de ônibus lá, e aqui a população para 260, Ver. Braz. É
muita diferença, ainda mais quando vamos aos dados. É bom ir aos dados, senão
fica um discurso muito genérico. Quando o Prefeito Olívio Dutra assumiu, a
tarifa era de 12 centavos, e assumiu com o discurso de campanha, acusando
Collares injustamente de praticar uma tarifa absurda, de fazer o jogo dos
empresários, quando sabemos que nos três anos em que o Collares administrou
Porto Alegre a tarifa subiu 7400%, e a inflação chegou a 8000%. Então, vejam
que nos três anos que o Collares governou Porto Alegre houve redução do valor
real da tarifa. Isso é comprovado com números, não é com discurso. E agora, nos
três anos da dupla Olívio/Tarso, vamos aos números, Ver. Adroaldo: 12 centavos
em 01 de janeiro de 1989; dia 03 de dezembro a tarifa foi para 260 cruzeiros,
significando um reajuste acumulado, nos três anos da autodenominada
Administração Popular, de 216.666%. Dirão os defensores do Governo que a
inflação também foi muito alta. Sim, foi altíssima; foi de 150.122% contra
216.666% de reajustes autorizados. Isso dá um aumento real da tarifa de 44,33%.
Neste ano de 1991, no início do ano, a tarifa era de 45 cruzeiros; agora, com
260, significa um reajuste acumulado de 478%, admitido pela própria SMT quando
autorizou o último reajuste. E a inflação, no mesmo período, 347,51%. São
reajustes abusivos, são reajustes que não se justificam, mas pra quem ainda
está em dúvida e ainda pensa em defender a Administração, eu vou utilizar a
mesma tática que eles utilizaram na campanha, que era a seguinte: “quando o
Collares assumiu, o trabalhador com salário mínimo comprava “x” passagens;
agora o Collares está deixando o trabalhador adquirir “y” passagens”. Agora,
vamos ao Governo Olívio Dutra: quando o Prefeito e o Vice assumiram com um
salário mínimo de 54 cruzados novos e 37 centavos com a passagem a 12 centavos,
o trabalhador conseguia adquirir, com um salário mínimo, 453 passagens. Hoje,
Ver. Clóvis Ilgenfritz, com os reajustes abusivos autorizados pela dupla
Olívio/Tarso, com o salário mínimo de 42 mil cruzeiros eles adquirem apenas
pouco mais de duzentas passagens. Quer dizer: menos da metade das passagens que
o trabalhador conseguia adquirir no início do Governo, ele adquire agora com o
salário mínimo.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só para constar, Vereador: nós achamos que V. Exª está deixando de
lado um dado que não pode ser esquecido sob hipótese alguma ou, então, os
números não podem ser comparados. V. Exª sabe que, praticamente, duas vezes por
mês, e ontem à noite tivemos mais 25% de aumento de combustível, o combustível
tem subido muito acima da inflação. Não há como comparar esse tipo de número.
Poderia se comparar também o salário que V. Exª ganhava naquela época e o que
ganha agora. Tudo está muito ruim, mas não é culpa do Município. Se o Município
pudesse cobrar menos, lógico que iria cobrar menos. Fale mal do Collor, vamos
juntar nossa força, vamos mudar este País, mas não querer que o Prefeito torne
Porto Alegre uma ilha da fantasia, porque todas as outras capitais têm passagem
com preço semelhante.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu até gostaria de concordar, em ter boa
vontade com o Governo, mas sabe por que eu não posso, Ver. Clovis Ilgenfritz?
Porque eu acompanho as eleições, as campanhas, leio os panfletos, procuro me
informar das plataformas dos candidatos, e V. Exas, da campanha de
1988, utilizaram a questão do transporte coletivo como “cavalo-de-batalha”.
Quando o
Collares tinha que dar reajuste, ia para os meios de comunicação dizer que ele
era um Prefeito e que, se o Sarney, que era o Presidente da época, autorizava o
reajuste dos combustíveis, autorizava o reajuste do preço do pneu, das peças,
ele era aqui um mero repassador. V. Exª iam para a Esquina Democrática, nos
comícios, nas esquinas a dizer que não, que o Collares fazia o jogo dos
empresários, que era ele que autorizava o aumento da tarifa, que ele não podia
fugir da responsabilidade dele. E agora querem usar esse argumento? V. Exas
antes falavam em tarifa justa; agora, Ver. Elói Guimarães, falam em tarifa
real. Para criticar o Collares, era tarifa justa; para defender o Governo
deles, agora, é tarifa real; para criticar o Collares, utilizavam os índices de
inflações normais; agora; para defender o Governo deles, falam em inflação
setorial. Mas o que é isso, Vereador? Das duas, uma. Eu vou fazer uma proposta
para V. Exª. Se V. Exª conseguir, como Líder do Governo, competente que é, do
Prefeito Olívio Dutra e do Vice-Prefeito Tarso Genro, um desagravo público, um
pedido de desculpas públicas da injustiça que fizeram com o ex-Prefeito
Collares, com um discurso demagógico, populista, eleitoreiro, que tiveram em
1988 na campanha, aí eu vou ter mais boa vontade com a atual Administração.
Agora, enquanto continuarem sustentando as críticas, no mínimo, injustas, que
foram feitas ao ex-Prefeito Collares na questão da política tarifária do
transporte coletivo da Cidade, terão em mim um crítico. Continuarão tendo em
mim um crítico, porque o Governo do PT, em Porto Alegre, está se notabilizando
por reajustes abusivos e muito generosos com os empresários dos transportes da
cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Airto Ferronato pelo
PMDB.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
pretendia discutir este Projeto, mas, a partir do momento em que fiquei
atentamente ouvindo as exposições, entendi que era necessária a minha presença
nesta tribuna. Por quê? Porque se, de um lado, a Bancada do PT tem levado
severas críticas ao PDT, por outro lado é verdade, também, que o PDT tem criticado
veementemente a Administração do PT. E aí comparam-se às críticas feitas a
administrações anteriores, em momentos anteriores, e assim por diante. E eu que
o diga! Quando candidato a Vereador pelo PMDB, melhor Governo da história deste
Estado, as críticas que recebíamos! Irresponsáveis, de um lado, do PDT, que
dizia que, quando fosse Governo, salvaria a pátria. Está demonstrado que não
tem salvado coisa nenhuma. Pelo contrário: está com a Pátria abaladíssima. Com
o PMDB estaríamos muito melhor. Por outro lado, quando concorríamos a
Prefeitura de Porto Alegre, com o Deputado Antônio Brito, se dizia que o PMDB
era o caos, que o melhor seria a Administração Popular porque iria, entre
outras coisas, baratear o preço da passagem. Nem de um lado, nem de outro. Isso
demonstra com clareza que o caminho do Estado e de Porto Alegre é o PMDB. Disso
me convenço cada vez mais.
Em relação ao processo em si, gostaria que as pessoas com
conhecimento jurídico do assunto tivessem uma atenção especial, porque a
preocupação que tenho no momento é relativamente a estenderem-se os benefícios
a estudantes de outros Municípios, ou seja, estenderem-se os benefícios àqueles
estudantes da Unisinos, das faculdades de Canoas e outras, porque, na minha
visão, não temos competência, salvo melhor juízo e ouvindo as pessoas que quero
ouvir, as pessoas que conhecem o assunto, exatamente para verificar se é
possível esse tipo de norma ou não.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, é verdade que serão os estudantes que estudam em outros
Municípios, mas que moram em Porto Alegre, na medida em que o inciso é claro.
Ele estende o benefício a alunos de estabelecimentos de ensino superior
localizados fora dos limites da Capital, mas apenas que utilizem o transporte
referido no “caput”, que é o transporte por ônibus, em Porto Alegre, para se
deslocarem até os pontos de embarque de transporte intermunicipal. Então, veja
V. Exª: são os estudantes que moram em Porto Alegre, mas estudam em
estabelecimentos da Grande Porto Alegre, e apenas a passagem escolar será
utilizada no trecho que eles utilizarem dentro dos limites do Município de
Porto Alegre. Então, não há dúvida de que nós temos, realmente, competência
para legislar sobre o assunto. Muito obrigado.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sinto-me esclarecido. Então, com relação
ao processo, nós entendemos que é possível buscar-se um entendimento e uma
aprovação parar beneficiar especialmente, e eu tenho votado sempre contrário a
esse tipo de coisa, ao professor. Eu sou professor universitário e sei muito
bem quanto ganho e sei muito mais quanto ganha também a minha mãe, que é
professora, durante trinta anos; está inativa com um salário ridículo. E aí vai
outra crítica: lembro muito bem quando o Governo do PMDB, o melhor Governo
deste Estado, ouvia do PDT que este iria resolver com rapidez e lucidez
impressionante o salário do funcionalismo público e, em especial, do professor.
(Aparte inaudível.) Deus ouça essa mensagem, meu caro Vereador, porque estou
preocupado.
Para finalizar, críticas ao PT; críticas ao PDT; Partido
para 1992: PMDB. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa chama a atenção
de que a campanha eleitoral ainda não começou. A discussão é sobre o Projeto do
Ver. Wilton Araújo, Proc. nº 763/91. A Mesa, como é tradicional, não tem
partido quando conduz os trabalhos da Casa.
Com a palavra o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho a
pretensão, modesta, é bem verdade, de ter algumas informações, alguns
conhecimentos e uma razoável vivência na questão ligada ao transporte coletivo.
Sou um homem formado nas ciências humanitárias, sociológicas; não sou homem
formado na engenharia, nas ciências exatas. Mas, em face de ter tido a oportunidade,
num determinado período, de ser Secretário dos Transportes, fui forçado, e não
poderia ser diferente, a examinar, a estudar a própria engenharia de tráfego e
alguns dados pude coletar, até pelo meu próprio espírito de curiosidade, no que
respeita ao transporte coletivo. Tenho hoje, tanto no terreno ligado à
engenharia de tráfego, um conjunto de elementos ligados à questão do transporte
no seu aspecto geral, como também, em questões diversas que dizem respeito ao
preço, a sua política, ao custo do transporte coletivo, um conhecimento da
questão. O Ver. Vieira da Cunha fazia um forte e veemente apelo ao PT, que hoje
dirige o Município, para que publicamente fizesse uma constrição ao Prefeito
Collares. Devo dizer que peguei um período difícil na SMT. Eu ingressava no
Governo Municipal e na Secretaria Municipal dos Transportes quando estourou o
Plano Cruzado, que foi o maior embuste que se denominou plano econômico, mas
era um plano político tão eleitoreiro, que o PMDB - isso é um fato inédito na
história das histórias dos países democráticos - fez 21 Governadores, fez quase
a maioria; aqui, no Rio Grande do Sul, ao PMDB faltou apenas um Deputado para
fazer 28 Deputados. Elegeu 22 Governadores, a maioria do Congresso Nacional,
Assembléias, etc. E, dos partidos que apoiavam o Governo, o PFL fez um
Governador, tal o milagre, tal o embuste do Plano Cruzado. Pois, a partir daí,
eu chego na Secretaria Municipal dos Transportes e aí se desencadeia um
processo de reajuste na economia. Aí, meus amigos, o Partido dos Trabalhadores
não nos perdoava. E nós diante daquele quadro de dificuldades, Ver. Clovis
Ilgenfritz! Nos batia, nos batia. Mas eu, como espiritualista, entendo que tem
lá em cima um Senhor. Sou cristão, Ver. Gregol. Tem um homem lá em cima que, de
vez em quando, bota o dedo na moringa aqui embaixo. De vez em quando, ele diz:
“olha vou botar o dedo na moringa aqui”. E botou. Botou o dedo na moringa do
PT. Fez o Prefeito, o Partido ganha as eleições e o Ver. Antonio Hohlfeldt -
vejam bem a ironia -, o Ver. Antonio Hohlfeldt, valente, combativo
representante do PT nesta Casa, cobrador diuturno da questão do transporte
coletivo, da tarifa, etc..., vai para a Secretaria Municipal de Transporte. E,
depois, sucedido etc. e tal, está aí esse quadro que todos conhecemos, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, que foi exatamente aquilo que afirmei: o Senhor
lá de cima botou o dedo na moringa. E o que nós temos hoje... Acho que
tacitamente nem precisaria, Ver. Vieira da Cunha, o PT pedir desculpas à
população. Não precisa, porque já pediram. Está aí todo um processo que foi
repassado à opinião pública pelos meios de comunicação e que deixa claro que,
efetivamente, não é aquilo que diziam. É diferente, é muito diferente.
Agravaram: aí é que se encontra a questão.
Este Vereador chamava a atenção, logo no início da
Administração, quando se retinha a tarifa populisticamente. Então se vendia à
população a idéia de que não estavam aumentando a tarifa. Logo depois estourou.
E não tivemos o caos no transporte coletivo porque outras correntes dentro do
PT forçaram dizendo que não era bem assim essa questão, que iam levar à
implosão.
Vou pedir vênia ao Vereador autor, Wilton Araújo, porque vou
me abster de votar este Projeto. Acho bom o Projeto, mas, veja bem, temos uma
taxa de comprometimento, uma faixa de isenção muito grande. Devemos hoje estar
numa faixa de isenção no sistema inédita no Brasil, uma faixa de 14%. Se
pegarmos as capitais do Estado, Porto Alegre é a Capital que tem a maior faixa
de isenção. Significa dizer que essa faixa de isenção pesa no bolso daquele que
permanentemente - o operário, o Zé da Marmita, o trabalhador - vai da casa para
o trabalho. Ele é quem paga. Ele, infelizmente, paga.
Então, sou partidário, e tenho dito quando tenho
oportunidade, que, a partir de agora, temos condições boas para discutir o
transporte coletivo. Porque o PT passou pelo Governo, onde achava que tudo era
maracutaia, uma coisa: que o transporte de Porto Alegre era o pior do mundo,
que o PDT estava aliado com os empresários. Interrogo agora: o que dizer do PT?
Não vamos fazer essa interrogação. A política do transporte está se renovando.
A gente sabe da profunda dificuldade que é tratar desse setor, porque ele é
complexo. Aquilo que se dizia do empresário, que é isso, que é aquilo... O empresário
é um capitalista como qualquer capitalista que tem o seu lucro na atividade.
Então, a discussão parece-me que não ficaria aí, como fazia o PT. Então, vamos
discutir a questão sobre outro ângulo. Vamos fazer a revolução, vamos partir de
outros pressupostos para chegar às conclusões que chegavam. Diriam que no
regime capitalista se fizesse o quê? Se fizesse uma economia própria - eu não
diria do socialismo e diria do comunismo. É mais profunda a coisa.
Vejamos, então: acho que não podemos ampliar a faixa de
isenção porque recai nos ombros da nossa população que paga um transporte
caríssimo, mas o seu salário é baixíssimo. Essa relação nós temos que discutir.
Eu podia jogar aqui o meu período contra o período do PT e sairia ganhando,
porque eu poderia pegar determinadas relações, como quantas passagens se
compravam quando eu era Secretário dos Transportes e quantas passagens se
compram, agora, quando o PT assumiu o Governo.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, eu só gostaria de chamar a atenção de V. Exª para o fato
de que V. Exª incidiu no mesmo erro do Ver. Dib quando diz que se aumenta a
faixa de isenção. É que V. Exas. não se aperceberam das emendas. Na verdade,
esse benefício da passagem escolar é estendido às categorias que hoje já
usufruem do benefício. Não haveria nenhum aumento no custo do sistema, porque
as emendas 1 e 2 retiraram os novos beneficiários. Então, veja V. Exª: eu vou
me permitir pedir o voto favorável ao Ver. Elói Guimarães e ao Ver. João Dib,
pedindo que leiam as emendas, e verão que, na verdade, o Projeto não aumenta o
benefício.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu examinei o Projeto, não examinei as
emendas. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não temos mais Vereadores inscritos para
a discussão.
A Mesa recebeu duas Emendas de Liderança, de autoria do Ver.
Clovis Ilgenfritz.
Como o Projeto está na Ordem do Dia por
força do art. 81, as emendas ficam dispensadas de parecer, podendo ser
incluídas e imediatamente votadas, além das emendas já apregoadas e que são do
conhecimento dos Srs. Vereadores. Nós devemos fazer a votação do Projeto com
ressalva das emendas e das emendas uma a uma, uma porque há pareceres
contraditórios e as duas últimas porque não têm parecer. A Mesa indaga se o
Plenário sente necessidade de que nós paremos a Sessão para distribuir cópias
dessas emendas, ou, apregoando uma a uma, das duas que entraram agora, o
Plenário se sentirá satisfeito, já que são emendas apenas basicamente de
redação.
Não havendo oposição do Plenário, temos
“quorum” regimental. São vinte Vereadores neste momento. Entramos no período de
votação com encaminhamentos das Lideranças. (Pausa.) Não havendo
encaminhamentos, passamos ao período de votação propriamente dito.
Em votação o Proc. nº 763/91, Projeto de
Lei do Legislativo nº 045/91.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, solicito votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Clovis Ilgenfritz que
assuma a Secretaria para proceder à chamada nominal.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.) Sr.
Presidente, 19 Srs. Vereadores votaram SIM,
01 Sr. Vereador votou NÃO e 02 Srs.
Vereadores optaram pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 045/91.
(Votaram SIM os Vereadores: Airto Ferronato, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini,
Gert Schinke, Jaques Machado, José Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda,
Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Mario Fraga, Adroaldo Corrêa, João Bosco,
Ervino Besson, Giovani Gregol, João Motta, Omar Ferri, Vicente Dutra e Martim
Aranha Filho. Votou NÃO o
Vereador João Dib. ABSTIVERAM-SE de
votar os Vereadores: Elói Guimarães e Nereu D’Ávila.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos às Emendas.
Emenda nº 01, de autoria do Ver. Wilton Araújo. (Lê a
Emenda.) Em votação. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA, com abstenção do
Ver. João Dib.
Emenda nº 02, de autoria do Ver. Adroaldo Corrêa. (Lê a
Emenda.)
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Esta Emenda não
substitui nada, não é? É uma Emenda só.
O SR. PRESIDENTE: Modifica a redação. Retira a expressão
“auxiliares da administração escolar” do inc. I do art. 1º.
Em votação a Emenda nº 02. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA,
contra o voto do Ver. Nereu D’Ávila e abstenções dos Vereadores João Dib e
Airto Ferronato.
Emenda nº 03, de autoria do Ver. Adroaldo Corrêa. (Lê a
Emenda.) Modifica a referência do valor, fixando o valor de fevereiro como
referência para o Projeto.
O SR. ADROALDO CORRÊA
(Questão de Ordem): Pergunto
se é possível retirar a Emenda?
O SR. PRESIDENTE: Neste momento, não. Estamos no período de
votação.
Em votação a Emenda nº 03. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA,
com a abstenção do Ver. João Dib.
Emenda nº 04, que corresponde à Emenda de Liderança firmada
pelo Ver. Clovis Ilgenfritz. (Lê a Emenda.)
Em votação. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA, com a
abstenção do Ver. João Dib.
Emenda nº 05. Emenda de Liderança, firmada pelo Ver. Clovis
Ilgenfritz. (Lê a Emenda.)
Em votação. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA, contra o voto dos Vereadores Nereu
D’Ávila e Omar Ferri e abstenção do Ver. João Dib.
O SR. AIRTO FERRONATO
(Questão de Ordem): Esta
Emenda modifica o inc. II do art. 1º. Então, permanece toda essa redação e
acrescenta no final.
O SR. PRESIDENTE: Não, Vereador. Já passou a votação. Em
todo o caso, modifica a expressão “que utilize o transporte referido no caput
para se deslocar até os pontos de embarque do transporte intermunicipal”, que
não tem como o Município controlar, por uma simples expressão: “residentes em
Porto Alegre”. Ou seja: o que previmos com a Emenda é que, na regulamentação do
Projeto, o Executivo exigirá um atestado de residência, e aí está resolvido o
problema. Isso é possível controlar. O restante não é possível controlar. Eu
acho que atendi a preocupação do Ver. Wilton, que, aliás, era uma preocupação
nossa na ocasião também.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo,
solicitando que o PLL nº 045/91 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
Nº 1426/91 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 103/91, de autoria do Ver. Gert Schinke, que cria o Alvará
Verde para efeito de licenciamento para circulação dos veículos públicos de
propriedade do Município e que estão sob seu controle e fiscalização,
estabelece penalidades e dá outras providências.
Parecer:
- da
CJR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação.
Observação:
- Incluído na Ordem do Dia por força do
art. 81 da Lei Orgânica Municipal.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 103/91. (Pausa.)
Com a palavra o Ver. Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje já
mais calmo o ambiente, quero aproveitar essa discussão para fazer uma série de
esclarecimentos sobre a nossa intenção de que consiste o objetivo deste Projeto
de Lei, iniciando primeiramente por tentar contextualizar a situação que nós
vivemos hoje na Cidade de Porto Alegre sem, no entanto, me referir a uma
situação mais geral. Começaria por mostrar algumas coisas para vocês que dizem
respeito à preocupação do Movimento Ecológico no que toca ao controle das
emanações gasosas dos veículos, principalmente, nos grandes centros urbanos.
Tem uma notícia aqui, da “Gazeta Mercantil”: “fumaça obriga ônibus a parar em
Santiago”. Vejam só! A Cidade de Santiago do Chile recentemente adotou uma
medida quase que dramática, obrigando a proibição de determinados períodos da
circulação de seus ônibus por causa do problema de clima combinado com problema
de descontrole absoluto das emanações gasosas dos veículos. Outra notícia nos
vem, desta feita, dos Estados Unidos, onde os padrões de emissão de gases dos
veículos estão sendo mais rígidos a ponto de incidir sobre o preço dos
veículos. Observe, Ver. Martim Aranha, que no Brasil existe um programa chamado
PROCOM, que estabelece que até o ano 2000 os veículos passem pela
obrigatoriedade da instalação de catalizadores, que é um equipamento capaz de
diminuir sensivelmente os prejuízos ao meio ambiente, porque ele é um filtro
bastante eficiente de uma série de efluentes gasosos, de produtos químicos
produzidos pela combustão do óleo diesel, do álcool, da gasolina, enfim, dos
combustíveis convencionais que são hoje utilizados nos nossos veículos. Isso no
que toca aos veículos em geral. Aí que entra a limitação de nós, legisladores
municipais, estabelecermos mecanismos que em nível tecnológico estabeleçam a
obrigatoriedade desses equipamentos. Porque, no que toca estabelecer e
padronizar equipamentos com as suas determinadas normas técnicas, que é de
atribuição da União, para isso temos um cabedal de normas técnicas e também, em
parte, algumas questões, mas muito menores, de que dispõem os Estados para
regulamentar. No que toca aos Municípios a parte dessa questão dos quesitos
técnicos e das normas técnicas nós podemos, sim, estabelecer mecanismos de
fiscalização. É só aí que podemos entrar e, nesse sentido, nós queremos com
base de uma visão que tem a atual Administração... Eu vou me valer aqui de um release
distribuído por ela, datado de 25/9/1991, que diz o seguinte:
(Lê.)
“É alto o índice de poluição dos veículos em Porto Alegre.”
É o que diz o “release”, e começa por abordar a questão e
coloca que, pela primeira vez - Ver. João Dib, isso é importante -, a Brigada
Militar, em convênio com a SMT e SMAM, está se utilizando de um equipamento,
dois aparelhos, com a finalidade de controlar as emissões gasosas feitas,
principalmente, pelos ônibus, cuja queima é constante. A grande imprensa, o
rádio, os jornais, constantemente têm apresentado denúncias de cidadãos de
Porto Alegre, que se queixam da fumaça expelida pelos ônibus e táxis-lotação,
principalmente os veículos que são movidos a óleo diesel, que trafegam com
motores desregulados. O que têm feito a SMT, a SMAM, em convênio com a Brigada
Militar? Têm fiscalizado esses ônibus através de “blitz”, que não têm sido
muito freqüentes. De seis em seis meses, volta e meia, aparece uma “blitz”, que
se utiliza de um equipamento, o medidor Bosch, e tem até um código - o
Analisador de Fumaça Diesel, ETD 0-2000 -, que avalia a fumaça emitida.
Esse release mostra a gravidade da situação e mostra
a qualidade de infrações feitas aos táxis-lotação, aos ônibus e também aos
carros particulares. Existem normas que devem ser respeitadas - é lei federal -
no que toca à emissão de gases. Tem o aparte o Ver. Aranha Filho.
O Sr. Martim Aranha Filho: Em primeiro lugar, quero cumprimentar V. Exª pela
iniciativa. Segundo: podem caber emendas ao Projeto na medida em que, por
diversos anos, venho fazendo pedidos de providências ao Executivo e não tenho
obtido respostas, satisfações.
Por exemplo: uma preocupação que tenho é com o
desprendimento de CO nos corredores de ônibus e, principalmente, no túnel da
Conceição. Digo isso porque o nível de estresse da população porto-alegrense é
extremamente alto, principalmente para aqueles que estão nas paradas, nos
corredores de ônibus e, por vezes, quando há um engarrafamento no túnel da
Conceição, quando o pessoal está de vidro aberto. A emanação de CO provoca um
estresse tamanho, que é extremamente prejudicial à saúde. Isso causa,
inclusive, um cansaço maior na população após um dia de trabalho. O CO está
presente. Muito obrigado.
O SR. GERT SCHINKE: Agradeço a V. Exª pelo aparte. V. Exª
lembrou bem e isso traz à tona a questão das conseqüências de saúde sobre os
cidadãos, que são enormes.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu sou amplamente favorável ao Projeto. Acho que é
uma bela iniciativa, necessária no Município, mas eu quero fazer uma colocação,
até porque estou pensando numa emenda. Por que fica obrigatório o uso desse
alvará apenas nos veículos pertencentes à frota da Prefeitura? Vamos instituir
isso para todos os veículos emplacados em Porto Alegre. Vamos ver qual é o
órgão que vai participar disso. É a emenda que eu estou estudando. Será que só
o CO dos ônibus e dos carros da Prefeitura causa problemas à saúde do munícipe?
Vamos instituir para todos os carros emplacados em Porto Alegre.
O SR. GERT SCHINKE: Vereador, a sua preocupação é mais do que
justa e pertinente, mas, como V. Exª estava debruçado na leitura, não
acompanhou o meu raciocínio quando iniciei a minha intervenção.
O SR. PRESIDENTE (Clovis
Ilgenfritz): Ver. Gert Schinke, o
tempo de V. Exª está esgotado. O Ver. Airto Ferronato se inscreve e cede seu
tempo a V. Exª se houver aquiescência do Ver. João Dib e do Ver. Vicente Dutra,
que já estão inscritos.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, estou
pedindo verificação de “quorum”. Se continuar a Sessão, vou falar.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, visivelmente há “quorum”.
Existem treze Vereadores em Plenário.
O SR. GERT SCHINKE: Vou concluir, agradecendo a gentileza do
Ver. Airto Ferronato. Sou grato.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Com a palavra o Ver.
João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, puxa,
como gostam de fazer leis, dar nome, personalizar, colorir as leis em Porto
Alegre! Tudo isso que está aqui está no Código Nacional de Trânsito, está nas
regulamentações da SMT, menos a famosa lixeira, que eu diria que não cabe. De
qualquer forma, tudo está aqui e parece, até, uma preocupação de dar mais
arrecadação para o Município. Mais importante do que a grandiosidade da pena é
a certeza da punição, já dizia o Prof. Heleno Fragoso, de quem copiei a
citação! Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não precisamos de mais leis;
precisamos do cumprimento da lei.
Nós temos o Código Nacional de Trânsito, com regulamento que
define tudo. Aqui o Ver. Gert Schinke, três vezes, no Projeto de Lei, fala em
obrigatoriedade. Na hipótese de lixeiras no interior dos mesmos, fala que os
veículos ficam obrigados a manter as lixeiras em local visível, sem que causem
transtorno aos passageiros, e suas instalação e manutenção caberão aos
proprietários dos mesmos. Eu quero ver colocar essa tal de lixeira num ônibus
da forma que está colocado aí. Eles fazem as leis, mas não dizem como cumprir.
E as lixeiras internas serão padronizadas pelo órgão municipal competente, num
prazo de trinta dias, a contar da promulgação da presente lei.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou um passageiro
irreverente e vou comendo as minhas bergamotas. Onde que ponho as cascas? Na
lixeira. Mas, se eu estou sentado do lado da janela e o corredor está cheio,
vou dizer: “pára aí que eu comi bergamotas e vou pôr as cascas na lixeira?” Eu
vou botar na lixeira grande, que é a rua. Estou comendo os meus amendoins e vou
botar na lixeira ou no bolso? Vou botar na rua. Ver. Omar Ferri, V. Exª não
conhece ônibus nesta Cidade. Já vi gente comendo melancia no ônibus. Então, não
tem sentido determinar uma coisa que não pode ser viabilizada. Então, é melhor
fazer uma campanha de educação perante o povo para que não sujem, porque botar
uma lixeira?! Já tem uma outra lei que foi aprovada, a do ventilador. Não dizia
onde; também não dava.
O art. 5º. manda que os ônibus e táxi-lotação fiquem
proibidos de manter os motores ligados quando parados nos pontos terminais. É
uma idéia que tem perseguido a Secretaria Municipal de Transportes, tem tentado
fazer. A Secretaria têm estudos sobre o problema e deve ter razões para manter
aqui. Fica proibido a todos portar buzinas de mais de 104 decibéis - já está na
Lei Complementar nº 12 e também está no Código Nacional de Trânsito. Nós
estamos fazendo mais leis aqui, no caso para esverdear o negócio. E, no caso de
transgressão ao disposto nos artigos 2º. e 3º, multa de 30 URMs, e, no caso da
reincidência, as multas serão consecutivamente dobradas. O negócio é arrecadar.
Pois o mais sério de todos os problemas dizem aí que é o monóxido de carbono, e
a SMT, num determinado tempo, fez um estudo do que representa o monóxido de
carbono em relação à gasolina utilizada pelos automóveis particulares.
Hoje, não diria a mesma coisa, porque os grandes ecólogos
desta Casa, quando foi determinado que não haveria mais chumbo tetraetila na
gasolina, nenhum deles se levantou para dizer que havia uma grande conquista na
ecologia do Brasil. Nenhum deles se levantou. O único que falou fui eu. Ninguém
mais falou quando o chumbo tetraetila na gasolina poluía dezessete vezes mais
que o monóxido de carbono. Tudo se faz em cima do ônibus.
De qualquer forma, vou admitir que o monóxido de carbono
seja o grande responsável pela poluição do ar nesta Cidade. Então, só tem uma
coisa que cabe à Secretaria Municipal dos Transportes: retirar da circulação.
Mas o negócio é arrecadar, punir, castigar de uma forma errada. Se estiver
poluindo o ar, retira-se de circulação. E essa beleza de verde aqui não fala,
em momento algum, na grande medida: retira e vai consertar. Ou acaso a vistoria
da SMT foi criada para punir? Não. Foi criada para fiscalizar, para ordenar,
para dar melhores condições de segurança ao porto-alegrense, e não fazer multas
e mais e mais multas.
Estão brincando de fazer leis nesta Casa quando temos coisas
mais sérias para votar, quando temos leis em cima disso. Vamos fazer mais leis,
esverdear, furar os veículos e botar uma placa verde do Partido Verde. Aí tudo
vai correr melhor. Agora, não precisamos nunca retirar de circulação os ônibus
porque estão poluindo. Basta que se coloque 20, 30, 60, 300 URMs porque estão
poluindo. Consecutivamente. Dobrando as multas. De qualquer forma, a grande
medida seria a retirada do causador do prejuízo, e as nossas árvores viveriam
melhor.
O Sr. Martim Aranha Filho: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Me chama a atenção que, primeiramente, parece inócua porque já
temos diversas leis em nível nacional. Mas a idéia é boa se, por acaso, houver
fiscalização, porém ela não contempla o dobro de ônibus que entram na Cidade
advindos da Grande Porto Alegre, por exemplo. Portanto, eu acho que a lei é
inócua.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, este Vereador, antes de apresentar um projeto de lei
costuma discutir seus projetos de lei, em primeiro lugar, com as entidades
ecológicas e, em segundo lugar, com os próprios órgãos envolvidos. S. Exª tem
colocado da tribuna que têm várias coisas que já são regulamentadas em leis,
coisa e tal. Estamos de acordo com relação a isso. Há normas brasileiras,
federais, que estabelecem níveis de emissões, etc. O que não existe em lei, e
esse o sentido dessa lei que apresentei, é uma lei municipal que torne rigorosa
a fiscalização e o controle sobre os veículos das vias públicas, porque eu,
como legislador municipal, e V. Exª sabe perfeitamente disso, porque já foi
ex-Prefeito desta Cidade, é Vereador, sabe que eu não posso legislar sobre
normas federais. Então, veja só, Ver. João Dib: V. Exª coloca uma série de
questões – aliás, é a linha do seu raciocínio constante aqui nesta Casa, que
nós estamos fazendo leis inócuas, que estamos brincando de lei. Este Vereador
nunca brincou de fazer lei. E mais a questão das lixeiras, que V. Exª fala, eu
remeto para o Executivo, para a SMT regulamentar. V. Exª omitiu completamente
essa questão. V. Exª não leu o inc. III.
O SR. JOÃO DIB: Eu entendi o aparte de V. Exª, mas, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, o maior inimigo da lei boa é a lei inócua, porque
nós passamos a ter um excesso de leis e não cumprimos nenhuma. O Código
Nacional de Trânsito, seus regulamentos e resoluções, define a solução para
todos os veículos, mas nós não aplicamos. Eu quero dizer que eu já fui
Secretário de Transporte, fui Diretor do DMAE, fui Secretário de Obras, fui Secretário
do Governo, e não vivo fazendo leis para a Prefeitura. Eu poderia, pois passei
em todos os órgãos. Mas eu leio, existe uma lei. Então, o problema não é
registrar minha presença por mais uma lei. O que nós precisamos é fazer leis
que possam ser aplicadas. Por exemplo, a escala Ringelmann é só um pedacinho de
papel; é só olhar o ruído. Eu consegui numa oportunidade, quando estava no
CETRAN, 14 decibelímetros que foram distribuídos nessa Cidade. Eu gostaria de
saber onde é que estão os 14 decibelímetros.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra, o Ver. Vicente
Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, já foi
dito, e repito mais uma vez, que a Bancada do PDS é realmente, efetivamente, a
Bancada mais democrática da Casa. Portanto, agora, usando o princípio do
contraditório, eu venho defender o Projeto. Acho que o Projeto é um projeto
bom. Não concordo com os fatos aqui apontados pelo Ver. João Dib para a
rejeição do Projeto. Ver. João Dib, o que acontece em matéria ambiental ou de
direito ambiental, e até previsto na Constituição, isso é uma sutileza
jurídica. V. Exª tem que aceitar porque é da Constituição. Matéria ambiental os
Municípios podem legislar concorrentemente: Estado, União e Município. Ora, se
nós podemos legislar concorrentemente, por que não fazer, quando sabemos que
existem emanações, existem escapamentos dos veículos automotores? E aqui temos
um especialista na Casa hoje, uma coincidência muito feliz, o grande Ver.
Martim Aranha, que é um lutador dessa área e que poderá como ninguém dizer se o
Projeto é bom ou não e já o disse.
O Sr. João Dib:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu gosto da complementação da lei que V. Exª dá, brilhante jurista,
eu, pobre engenheiro desta Casa, mas onde é que a lei municipal, nesse caso,
está complementando a legislação federal que não seja cópia, a não ser nas
lixeiras? As lixeiras acho que têm de ir para o lixo.
O SR. VICENTE DUTRA: Digo ao Ver. João
Dib que aqui, no Município de Porto Alegre, eu tive um caso concreto que V. Exª
também acompanhou. Eu sei que V. Exª é especialista em casos, Ver. Omar Ferri,
e eu o respeito por isso. V. Exª é um grande jurista. As más cabeças já ficaram
pensando outras coisas. Mas também há outros casos. Eu pedia, lá na esquina
onde está hoje o Febernatti, Ver. Gert Schinke, a preservação de um bosque que
ali existia. Era um bosque natural e com outras árvores plantadas pelo Sr.
Rangel, o mesmo cidadão cuja família hoje mora naquela Praça Carlos Arnt. Solicitei
Pedido de Providências ao IBDF. Nada. Até que, numa madrugada, chegou lá o
pessoal do Febernatti e derrubou o tal de bosque. Fiz denúncia na polícia, fui
ao IBDF, e não adiantou nada, como quase nunca adianta muita coisa nessa área
policial quanto à punição. Preparei um projeto de lei, que hoje é a Lei
Complementar nº 51, em que todas as árvores estão sob preservação permanente.
Alguém diz que existe o Código Florestal, Lei 5771, mas e daí? O que adianta
ter uma lei federal se o órgão, naquele tempo o IBDF, não cumpria porque não
tinha jipe nem fiscal? Agora há uma lei municipal, que foi utilizada para
manutenção de árvores na Vasco da Gama. Sei do caso de um engenheiro, meu
amigo, dono de uma grande construtora aqui em Porto Alegre, que teve um infarto
porque não conseguiu, na Justiça, derrubar algumas árvores que ele queria para
fazer uma construção. Temos que preservar, temos que respeitar a natureza. A
lei federal é muito distante. Não devemos abrir mão da prerrogativa de
legislar. Ainda há o princípio do peculiar interesse, que hoje não tem mais
esse nome. Ver. Omar Ferri, como se chama hoje o que se denominava peculiar
interesse?
O Sr. Omar Ferri:
Interesse local. Art. 30, inc. I, da
Constituição Estadual.
O SR. VICENTE DUTRA: Por isso me sinto
honrado de pertencer a esta Casa, porque a Casa tem desde um grande engenheiro
e calculista, como o Ver. João Dib, até grandes juristas e ecologistas.
O Sr. Omar Ferri: A Casa tem suas grandes deficiências. Eu sou daquela
teoria de que, se não aprovarmos mais ou menos umas 528 leis, a Casa não terá
conseguido aquele parâmetro de excelência em matéria legislativa.
O SR. VICENTE DUTRA: Aliomar Baleeiros,
se não me engano, dizia que era pródiga a ânsia legislativa nas mediocridades.
Eu concordo, em parte, mas, nessa questão ambiental, temos que legislar, sim,
porque tudo que pudermos fazer para evitar que sejam lançadas na atmosfera
emanações indevidas que vão prejudicar nossa saúde e das crianças devemos, pelo
menos através de uma lei, coibir o que for possível.
O Sr. Omar Ferri:
Há outras emanações que são dentro dos
ônibus e fazem mal a saúde. O Ver. Leão de Medeiros sabe disso.
O SR. VICENTE DUTRA: Também um aparte ao
Ver. Gert Schinke.
O Sr. Gert Schinke:
De fato, recentemente, tenho escutado
algumas declarações de Vereadores que têm falado, salientado a profusão de leis
e de iniciativas legislativas de Vereadores, e seria interessante lembrar que,
talvez, 80% dessas iniciativas de Vereadores, é só fazer uma breve consulta às
leis apresentadas nesta Casa durante esta legislatura e poderão constatar
facilmente que se trata de projetos de concessão de títulos honoríficos e
denominação de logradouros públicos. Este Vereador tem pautado a sua conduta
legislativa por apresentar projetos de lei, em geral, de grande significado
para a Cidade, e não títulos honoríficos e denominação de ruas, embora
considere que isso também faça parte das atribuições dos Vereadores. Então,
pronunciamentos como esses que procuram nivelar esse tipo de iniciativa à vala
comum, solenemente repudio, porque acho que elas descaracterizam a importância
e o conteúdo desse tipo de iniciativa. Por outro lado, uma leitura superficial
já bastaria para analisar, para verificar que este Projeto não cria normas
técnicas. Ele cria um mecanismo de fiscalização de frotas públicas.
O SR. VICENTE DUTRA: O Município pode
legislar - é outro detalhe jurídico, Ver. Dib. Porque houve um processo do Ver.
Mano José que dizia o seguinte: “ficam proibidas as propagandas nos terrenos do
Município”. Aí, alguém alegou o seguinte: não pode legislar, porque a
propaganda é matéria federal. Concordo, só que, dentro do Município, podemos
regular a propaganda nos terrenos que nos pertencem. Não estamos nos dirigindo
sobre a propaganda em si, e sim só propagandas que não ofereçam cigarros, o
vício, poderão constar no Município. É o mesmo caso quanto aos carros que
pertencem ao Município, dos quais somos os donos, e àqueles que damos
concessão. Vamos exigir o alvará verde para que sejam controladas essas
indevidas emanações.
O Sr. João Dib:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Vicente Dutra, até por uma resolução do Secretário dos
Transportes, ele poderia colorir o alvará. Mas eu quero dizer a V. Exª que hoje
é uma data muito importante: aniversaria a Declaração dos Direitos Humanos.
Quem sabe fazemos uma lei sobre os Direitos Humanos, incluindo lá o dever,
porque em toda Declaração dos Direitos Humanos só tem uma vez a palavra
“deveres”. Quem sabe fazemos uma lei agora, melhorando a Declaração de Direitos
Humanos, que aniversaria hoje.
O SR. VICENTE DUTRA: Eu concordo com V.
Exª em que na Constituição Federal há 125 vezes a palavra “direitos” e somente
sete vezes a palavra “dever”. Concordo. Acho que tínhamos que colocar um
pouquinho mais de dever neste País.
Só para finalizar, e para que não
pensem que este Vereador é oportunista, eu trago aqui o Pedido de Providências
nº 683/91, de 12/04, onde solicitava que fosse fiscalizada pela SMAM a
quantidade excessiva de monóxido de carbono expelida pelos veículos que
transitam na Capital. Essa irregularidade gera problemas de saúde à população.
Então, já desde aquela data encaminhávamos o pedido, e que já foi atendido.
É um projeto bom, e conclamamos os
Srs. Vereadores para que o aprovem também. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Solicito ao Sr. Airto Ferronato que
assuma a Presidência dos trabalhos para que eu possa assumir a tribuna.
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com
a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, venho à tribuna para discutir o Projeto porque eu tenho
algumas preocupações em relação, exatamente, a que se possa alcançar os
objetivos a que se propõe uma legislação determinada, e eu vejo extremamente
difícil o que propõe o Projeto do Ver. Gert Schinke.
Em primeiro lugar, porque é um
grande óbice, é um grande problema do ponto de vista da técnica legislativa. Na
verdade, o Ver. Gert Schinke não propôs aqui um projeto de lei. No mínimo, está
propondo três projetos diferentes. Ele propõe a questão do alvará verde
propriamente dita. Aí ele enfia o negócio das lixeiras e acaba ainda falando de
gases e ruídos e determinando se os ônibus podem ou não desligar o motor. Quer
dizer: vira uma salada legislativa extremamente difícil de ser cumprida e ser
regulamentada inclusive. Aliás, tem sido um problema de alguns dos projetos do
Ver. Gert Schinke, na intenção perfeitos, mas, do ponto de vista de técnica,
confunde as coisas todas e acaba não acontecendo nada. Se o Vereador tivesse
três projetos, nós estaríamos discutindo um ponto cada vez, e, quem sabe lá,
até acabássemos aprovando tudo. A minha preocupação, por exemplo, e acho que o
Vereador desconhece, é o fato de que tem de desligar os motores. Tudo bem.
Teoricamente, eu concordo. Só tem um problema: é muito provável que, se
desligar os motores de alguns ônibus, eles não ligam mais tão cedo, porque
mecanicamente eles têm de ser empurrados, Ver. Omar Ferri. E aí o Ver. Gert
Schinke, em nome de desligar motor, vai deixar oitenta passageiros sem ônibus.
Eu quero ver o Ver. Gert Schinke, na fila, agüentando os oitenta passageiros
batendo nele depois, ou ele vai oferecer bicicleta para todo o mundo. Esse é o
primeiro problema.
Segundo problema: o Ver. Dib
apontou a questão das lixeiras. Acho que não é o problema de botar lixeiras
dentro dos ônibus. O problema das pessoas é o de serem responsáveis. Há um
Código de Lixo vigente nesta Cidade, e o Código é muito claro. Não precisa mais
nada: bota-se o lixo no bolso. É uma questão de cidadania. Não é um problema,
simplesmente, de fazer as pessoas ficarem zanzando pelo ônibus para chegar numa
lixeira, até porque, pela própria estrutura que o ônibus tem, pela própria
definição do movimento do interior do ônibus, se nós botarmos a lixeira na frente,
quem está atrás da roleta não chegará nunca, ou quando chegar não volta. Aí,
para botar o lixo na lixeira, vai ficar em pé o resto da viagem, apertado. É um
absurdo o que está se propondo! Tem que se andar no ônibus e ver como é que é.
É bem mais simples a gente ter realmente uma definição concreta de
responsabilidade dos cidadãos, e eu queria dizer, Ver. Gert Schinke, por
incrível que pareça, o morador da vila, na maioria dos casos, é bem mais
responsável quanto ao lixo do que a classe média, que, no primeiro fim de
semana ou feriado que pode, despeja caminhão de entulho na primeira praça ou
terreno baldio que encontra. Ou todos nós, que temos carro, que, quando abrimos
uma carteira de cigarros, ou temos uma pequena anotação, a primeira coisa a
fazer é jogar o papelote para fora sem nos darmos conta. Essa é, inclusive, uma
autocrítica que eu faço. É algo que me vem desde que votamos o Código na medida
em que houve uma discussão aqui, de quanto nós teríamos que fiscalizar. É uma
coisa que, a cada vez que entro no meu carro e tenho uma situação desse tipo,
me dou conta. Então, eu guardo no meu cinzeirinho os papéis e, quando chego em
casa, retiro o cinzeiro e vou colocar fora. Então, de nada adianta ficarmos
fazendo propostas que não têm como serem executadas. O que me preocupa, Ver.
Gert Schinke, é que V. Exª encerra o Projeto de Lei dizendo, no art. 8º, que
“esta Lei entra em vigor na data da sua publicação”. Não tem como cumprir. Tem
que, no mínimo, dar um prazo para a Secretaria, para início de conversa,
comprar equipamentos. Ou o pessoal vai dar no “odômetro” do nariz? Existe um
equipamento, Vereador, e V. Exª sabe muito bem, um equipamento que é usado,
simultaneamente, por três secretarias. Essa é a situação. Então, tem que dar
prazo. Não adianta nós ficarmos legislando, e nesse ponto o Ver. João Dib tem
razão, sem maiores conseqüências. Pela ordem, o aparte com o Ver. Jaques
Machado.
O Sr. Jaques Machado: Só para procurar
elucidar. Devido à experiência que temos com o transporte rodoviário de carga, estacionamento
de caminhões e outras coisas, vejo que o Projeto do Ver. Gert Schinke aqui
deixa um senão, dizendo que um carro, ou ônibus, movido a óleo diesel, deve
ficar com o motor desligado. Não resta a menor dúvida de que, para economia de
combustível, está certo, mas um motor frio, para ser acionado novamente, ele
tem um alto índice poluidor até o aquecimento do óleo diesel. Então, a fumaça
tem muito mais intensidade. É o caso das transportadoras, que têm os terminais
de carga em depósito coberto, que geralmente trabalham com o motor ligado ali
dentro, porque, se for deixar o motor esfriar, até para o caminhão poder ter o
pique de saída, é preciso algum tempo para que o motor fique totalmente quente,
senão ele não tem a força necessária. É o que queria colocar.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, em nenhum momento eu consegui
entender por que é que a questão da proibição de funcionamento dos motores dos
veículos, junto com a questão da lixeira, que é um equipamento interno, um
quesito a ser observado para a obtenção do alvará verde, junto com outra
questão que V. Exª falou... Por que V. Exª acha que isso não pode fazer parte
de uma mesma lei, tendo de ser três leis diferentes? Do meu ponto de vista isso
cabe, perfeitamente, numa lei ordinária e, portanto, poderia fazer parte da lei
do alvará verde a proibição do funcionamento dos veículos. Já fui proprietário
de um ônibus. Se o ônibus não ligar o motor, ele deverá ser recolhido; ele está
com mau funcionamento mecânico. Por isso, creio que 10% da frota deveriam estar
nas garagens para serem consertados. O Governo da Administração Popular está
fazendo um programa de renovação acelerada da frota porque sabe perfeitamente
que os veículos com dez anos de idade já não deveriam mais estar circulando
porque não têm bateria, não têm sistema de arranque em funcionamento. Então, V.
Exª há de convir que um ônibus que não está em condições mecânicas já não
deveria estar circulando. Como é que um ônibus, nessas condições, consegue
ligar o motor para sair da garagem, Ver. Antonio Hohlfeldt? Ele é empurrado
pelos mecânicos?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Gert Schinke, V. Exª bem demonstra
que não freqüenta ônibus nem garagens de ônibus. Ele é empurrado, sim,
Vereador! Vou dizer mais a V. Exª: se até hoje V. Exª não aprendeu a fazer
projeto - e é o terceiro ano do seu mandato -, eu respeito. Continue V. Exª no
seu caminho e eu no meu, mas, realmente, do ponto de vista técnico-legislativo,
V. Exª mistura. V. Exª mesmo acabou de dizer: uma coisa é interna - a lixeira -
e outra coisa é absolutamente externa, que é ligar ou não ligar, desligar ou
não o motor. São duas coisas completamente diferentes.
O Sr. Gert Schinke:
Por que a técnica legislativa não está
no meu projeto? V. Exª, então, me diga onde tem isso!
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador, pergunte
para quem montou uma técnica legislativa. Só aprendi que ela é boa e procuro
usá-la. Nos livros, Ver. Gert Schinke, na Biblioteca da Casa, há bastantes
livros para a gente ler! A gente costuma ler e aprender com muita humildade!
Na questão que V. Exª levanta
sobre os ônibus velhos, V. Exª mesmo respondeu. Uma coisa é o ideal, outra é a
realidade! Vou dizer mais, Ver. Gert Schinke: em 1989, se eu, como Secretário,
aplicasse isso que V. Exª estava dizendo antes, eu teria que tirar mais de
duzentos ônibus da frota. Quero saber quem transportaria os passageiros desses
duzentos ônibus.
O Sr. Gert Schinke: As empresas deveriam ser obrigadas
a fazerem!
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ah, Ver. Gert
Schinke, vamos fazer o seguinte: quando V. Exª virar Prefeito, vou fazer
questão de visitá-lo e, quando V. Exª descobrir como é que é administrar,
talvez V. Exª descubra que mandar as frotas fazerem não é exatamente o que se
faz, até porque as frotas apelarão ao Judiciário e o Judiciário dará um prazo
para as frotas cumprirem as leis. É um pouquinho diferente, Ver. Gert Schinke.
O que eu acho que V. Exª poderia fazer, a partir de agora, seria um projeto do
seguinte tipo: de que os ônibus novos que integrassem a frota a partir da
vigência dessa lei teriam obrigatoriedade do alvará verde e teriam que cumprir
certos quesitos, e esses ônibus novos não poderiam fazer isso, aquilo e aquele
outro, e aí, então, sim, V. Exª estaria contribuindo com a Cidade. Ver. Gert
Schinke, respeitosamente, a idéia é boa, mas absolutamente impraticável. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Com
a palavra o Ver. Gert Schinke, por cessão de tempo do Ver. Airto Ferronato.
O SR. GERT SCHINKE:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores., em
primeiro lugar, o Ver. Antonio Hohlfeldt vem colocar aqui objeções do ponto de
vista da técnica legislativa. O Vereador deve procurar, então, se municiar e
mostrar para este Vereador, no sentido de elucidar as suas objeções, quais são
os critérios, do ponto de vista da técnica legislativa, que impediriam esse
tipo de composição num mesmo projeto de lei. Do meu ponto de vista, num projeto
de lei ordinária, de iniciativa de Vereadores, é perfeitamente possível
enquadrar-se, dentro do mesmo projeto, a proibição que trata da mesma frota em
questão, numa questão que diz respeito à obrigatoriedade de um equipamento e,
ao mesmo tempo, um mecanismo de controle por parte do Município. Se o Vereador
apresentar aqui essas questões do ponto de vista da técnica legislativa, talvez
até me convença. Agora: vir à tribuna derramar uma série de objeções, que isso
não pode combinar com aquilo dentro de um mesmo projeto de lei, Vereador,
assim? Nós tivemos vários exemplos de questões dessa natureza onde, sob o mesmo
tema, nós englobamos, na mesma legislação, uma série de questões. Não é porque
a lixeira do ônibus é interna ou por apagar o motor no estacionamento, no fim
da linha do ônibus, não se poderá botar no mesmo expediente legal. Do meu ponto
de vista, não cabe esse tipo de objeção, mas eu até me renderia às observações
colocadas pelo Ver. Antonio Hohlfeldt se ele me trouxesse aqui onde está
colocado isso do ponto de vista da técnica legislativa, que não se pode fazer
isso. Aí, eu me renderia para fazer. Além disso, Ver. Antonio Hohlfeldt, V. Exª
poderia, na contribuição que ele pode dar à cidade de Porto Alegre, apresentar
uma emenda a este Projeto à Liderança do Partido dos Trabalhadores. Eu quero
lembrar ao Ver. Antonio Hohlfeldt que este Projeto está entrando em votação
nesta data porque este Vereador subiu à tribuna e denunciou o sumiço do
Projeto. Durante dois meses e meio, esteve nas mãos do Ver. Artur Zanella, que
sumiu com este Projeto nesta Casa. E eu pedi, através de um expediente formal
ao Presidente da Casa, para que fizesse a reconstituição deste Projeto. Mas é
evidente aos Srs. Vereadores que este Projeto, aqui, ele implica um controle
mais eficiente por parte do Poder Público às frotas públicas. Isso é evidente,
senhores. Não vamos escapar dessa realidade. Eu acho que o Projeto conflitua
com uma linha que, recentemente, a Administração Popular tem tido com as
empresas de ônibus, Ver. Giovani Gregol, porque me parece que a Administração
Popular recentemente tem se pautado por uma linha de apaziguamento com a ATP,
uma linha política de chegar a um bom entendimento, a um bom encaminhamento
para a questão da intervenção dos ônibus nas empresas. Portanto, não seria
conveniente, nesse contexto político, Ver. Giovani Gregol, nós, ecologistas,
agora botar na responsabilidade da Administração Popular o mecanismo de
fiscalização sobre as frotas públicas. Onde fica o controle do ponto de vista
ambiental dessas frotas públicas, que não é feito, Ver. Giovani Gregol, que não
é feito pela fiscalização da SMT? Estou alertando S. Exª Ver. Giovani Gregol
para que se preocupe mais com essa questão no que diz respeito ao partido de S.
Exª, porque a fiscalização da SMT vai muito mal das pernas. Inclusive bem
lembrou o Ver. Antonio Hohlfeldt que só há um aparelho, só que ele se esqueceu
de dizer, e inclusive aqui faço até uma observação, que às vezes os Vereadores
pautam as suas intervenções principalmente em omitir dados. Isso tem sido uma
característica, também, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que se esqueceu de dizer que
o único aparelho que existe é o aparelho Bosch, é verdade! É o único aparelho
que existe. No entanto se esqueceu de dizer que existem cinqüenta escala
Ringelmann e que a Prefeitura pode comprar ela às dúzias e que é esse o equipamento
normalmente utilizado para a fiscalização das emanações de óleo diesel. Aliás,
a matéria que eu trouxe recentemente aqui, do release da Administração Popular, Ver. Antonio Hohlfeldt,
baseava-se exatamente numa blitz de
fiscalização com escala Ringelmann também. Então, nós estamos carecas de saber
que é perfeitamente possível a fiscalização e ela não é unicamente baseada no
equipamento Bosch, que é caro, é verdade, mas, em que pese ele ser caro, a
Administração Popular poderia, tranqüilamente, até pedi-lo doado, Ver. Adroaldo
Correa. Aliás, o único equipamento Bosch que existe foi doado pela Bosch do
Brasil para a SMAM e que hoje está servindo, efetivamente, para a fiscalização.
Então, vejam aqui: eu, inclusive, no meu Projeto, menciono o critério da escala
Ringelmann, não só do equipamento Bosch, como alega o Ver. Antonio Hohlfeldt.
Ele omitiu isso do Projeto! Mas está aqui, Vereador. Diz no texto do Projeto,
Vereador. Então, não me surpreende que Vereadores do Partido dos Trabalhadores
venham combater este Projeto. Inclusive me parece que é a tendência de um
ecologista aqui da Casa, do PT, que vai votar contra o Projeto porque o
contexto das relações da Administração com as empresas de ônibus obrigaria essa
postura. Porque isso incide sobre as frotas públicas, penaliza arduamente as
empresas de transporte público desta Cidade. Inclusive, também, Vereadores, as
frotas próprias do Município não são hoje fiscalizadas por ninguém, não existe
critério de fiscalização nenhum. Temos aí umas carroças ambulantes.
O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Quero refutar a insinuação infundada e sem
prova alguma que V. Exª faz do Governo ou da Administração Popular com a ATP,
um acordo público que foi publicado, acordo público, transparente e totalmente
legal.
Em segundo lugar, V. Exª não tem
condições de dizer o que está dizendo. Quando pertencia à Bancada do PT,
defendia, dentro da Bancada, o seu Projeto, alegando que tinha o apoio e
concordância da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Portanto, não tem nenhum
cabimento o que V. Exª está dizendo. Ao mesmo tempo, tem da Administração
Popular e, ao mesmo tempo, não tem na hora de acusar. Tem ou não tem, Vereador?
Essa é a questão. E outra coisa: independente do mérito, não há o que possa
salvar um projeto mal feito, em que pese as boas intenções. A preocupação é
realmente válida. A ATP, a Administração Popular não têm nada a ver.
O SR. GERT SCHINKE:
V. Exª teve toda a situação de condenar
este Projeto, inclusive quando eu pertencia à Bancada do PT e V. Exª não se
levantou contra este Projeto em nenhum momento. Não me surpreende quando vêm
agora representantes da Bancada do PT, em pese a concordância da SMT e da SMAM
neste Projeto, levantar objeções do ponto de vista da observância legislativa.
S. Exa. deveria vir a esta tribuna e esclarecer sua posição. Até agora não
entendi se é de acordo com o que o Governo pensa ou se é de acordo com a sua
cabeça. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Pela ordem, com a palavra o Ver. Omar
Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
O Sr. Martim Aranha Filho: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Tenho um problema muito sério de análise do
art. 3º do parágrafo 1º, onde o Vereador, autor do Projeto, coloca como
parâmetro o padrão nº 2 da escala de Ringelmann e também chama atenção para o
padrão nº 5 da escala Bosch. Porque o equipamento existente na Prefeitura é
Bosch, é doado. Mas existem outros aparelhos de medição e com outras escalas.
Eu fico preocupado se a colocação desse padrão nº 5 da escala Bosch não
prejudicaria outros.
O SR. OMAR FERRI:
Bem, prezado Vereador, eu não tenho
condições técnicas para lhe tirar essa dúvida.
(Apartes paralelos.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Aranha, Ver. Gert, a Mesa gostaria que se
permitisse que o Vereador que ocupa a tribuna continuasse o seu discurso, que,
aliás, ainda não começou.
O SR. OMAR FERRI:
Sr. Presidente, agradeço a V. Exª. Com
todo o respeito ao Ver. Gert Schinke e até discordando em parte da posição
assumida nesta tribuna pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, acho que o legislador tem
direito a fazer maçarocas a sua vontade, mesmo porque a legislação brasileira
toda ela anda maçarocada.
O Ver. Gert Schinke tem razão. Se
ele quiser botar lixeira dentro do ônibus, pode botar; se ele quiser que os
ônibus e as lotações, quando parados, tenham o motor desligados para evitar
emanações prejudiciais ao organismo, tem ele razão.
O meu problema é a repetição. O
Ver. Schinke confessou que o problema é fiscalização. Então, este é mais um
projeto de lei repetitivo, porque existem essas providências. A lixeira
deixamos de lado. A colocação das lixeiras é uma novidade, mas eu acho que é de
péssimo gosto colocar lixeira dentro de ônibus, ou de lotações. Me parece, pelo
menos, além da impropriedade que tem este Projeto de Lei, que ele repete
dispositivos já existentes no Código Nacional de Trânsito, e repete mal. Vejam
bem: segundo este Projeto, o veículo pode causar poluição.
Segundo o Projeto de Lei do Ver.
Gert Schinke, este Projeto de Lei pode afetar o sistema ecológico, pode ser
prejudicial à saúde do cidadão, mas vai continuar trafegando em prejuízo à
saúde pública porque não há uma pena de retenção do veículo.
O Projeto prevê, apenas, uma
multa, e continuaria a causar transtornos. Menos real, portanto, do que o
próprio Código Nacional de Trânsito, que prevê como penalidade a retenção do
veículo. Enfim, existe, tanto no Código Nacional de Trânsito quanto no seu
regulamento, a proibição de veículos transitarem produzindo fumaça. Portanto,
não há o porquê de a Câmara aprovar este Projeto de Lei. Inclusive há uma
Resolução, de nº 510, de 15 de fevereiro de 1977, que dispõe sobre a
fiscalização e circulação de veículos automotores diesel, que fala desta tal de
escala Ringelmann, e que diz também, no art. 3º desta Resolução, que só será
permitida a emissão de fumaça até a tonalidade igual ao padrão de nº 2 da
escala Ringelmann. E o parágrafo 2º do art. 3º desta Resolução dispõe que o
veículo que expelir fumaças superiores a esses padrões será retido até
regularização, além da multa aplicada. E o Projeto de Lei do Ver. Gert Schinke
só prevê a adoção da multa. Isso significa que o veículo pode continuar
trafegando, causando seus malefícios.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A mim parece que V. Exª labora num pequeno equívoco.
Eu, da tribuna, talvez não tenha me feito entender ao dizer que este Projeto de
Lei, transformado em lei, na verdade é uma norma para ser aplicada àqueles
veículos que o Município tem o seu domínio, ou seja, os veículos de propriedade
do próprio Município, e àqueles que ele dá concessão.
O SR. OMAR FERRI:
O Código Nacional de Trânsito e todas
as resoluções impõem uma diretriz única, e o Governo Federal avoca a si o
direito de legislar sobre essa matéria, porque, senão, o Município de Porto
Alegre terá determinada legislação a respeito do tráfego de veículos, em Canoas
terá uma legislação diferente, em Guaíba terá outra legislação. Então, de
repente, o que é lícito em Porto Alegre, é proibido em Guaíba, e
sucessivamente. Isso tira a eficácia do seu aparte.
O Sr. Gert Schinke:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) S. Exa. tem toda a razão ao lembrar a existência dessa legislação
federal. Estou lhe dando ampla razão...
O SR. OMAR FERRI:
Deve ser uma terça parte da matéria que
legisla sobre diretrizes de trânsito neste País.
O Sr. Gert Schinke:
Consultei toda a legislação...
O SR. OMAR FERRI:
Sim, a gente vê que V. Exª copiou o
programa da escala Ringelmann. Está aqui.
O Sr. Gert Schinke:
A lembrança desses critérios é
necessária porque estabelecemos, no Projeto que eu apresento, o mecanismo de
fiscalização. Não é propriamente as escalas, os parâmetros. O Poder Municipal
não tem hoje, por lei, o mecanismo eficaz de fiscalização das frotas públicas.
O SR. OMAR FERRI: Que se cumpra a lei. Só isso.
O Sr. Gert Schinke:
Quem é que fiscaliza a emanação das
frotas públicas em nível federal?
O SR. OMAR FERRI:
A Polícia Rodoviária Federal pode
prender qualquer veículo que esteja trafegando fora dos padrões.
O Sr. Gert Schinke:
É a Brigada Militar dentro do Município
de Porto Alegre, e nas estradas estaduais é a Polícia estadual, Ver. Ferri. A
Brigada Militar, em convênio com a SMAM, faz blitz. O que eu quero estabelecer, mediante a minha frota, é que
esse mecanismo não fique ao sabor da boa vontade de um capitão ou de um coronel
da Brigada ou de um Secretário Municipal, mas que a SMT, através dos mecanismos
que já existem, torne rigorosa a fiscalização desses critérios. É isso.
O SR. OMAR FERRI:
Mas V. Exª admite a existência dos
mecanismos. V. Exª pretende apenas o rigorismo, e esta Casa não está aqui para
adotar providências relativas ao rigorismo. Esta Casa está aqui para fiscalizar
o cumprimento das leis municipais. Não temos nada a ver com a legislação
federal. Por isso que, com todo o respeito ao desejo de V. Exª de legislar a
respeito dessa matéria, me permito votar contrariamente ao seu Projeto, porque
ele apenas está repetindo casuísmos existentes na legislação brasileira.
Obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Srs. Vereadores, são 12h52min. Nós
temos nove Vereadores presentes. Portanto, não há “quorum”. Encerramos os
trabalhos e convocamos os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária regimental
das 14 horas. Alertamos aos Srs. Vereadores que os dois projetos desta Sessão
Extraordinária estão incluídos automaticamente na Sessão Extraordinária da
tarde.
(Levanta-se a Sessão ao 12h52min.)
* * * * *